Como eu queria…

Eu queria poder chorar por amor

Eu queria acreditar que brigar com quem se ama 

É a coisa mais difícil que existe

 

Eu queria chorar de saudade 

Eu queria tirar nota zero na prova

E entrar numa neurose copista e decoreba

Eu queria que caísse um temporal

E ser pega de surpresa sem guarda-chuva 

Mas não! Ao invés disso

A vida me arrebatou

Com suas repetições de ódio, rancor e miséria 

A história ri da nossa cara

Como se tivesse guardado um segredo

Viajando numa máquina do tempo

Eu queria entrar num buraco de minhoca

E me transportar para outra dimensão 

Onde a gente pudesse só rir, rir e rir

Das besteiras lendárias de Odete Roitman!

 

Prosa poética escrita por Naíme A Silva em 2015. Como diria a teoria Junguiana, a expressão artística provém do inconsciente, sendo portanto atemporal. E como temos dentro de cada um de nós, a história do mundo inteiro, essa arte também é a expressão de todo o inconsciente coletivo. Alguma semelhança com o que vivemos hoje?

Janelas

Janelas

Meios de comunicação 

Windows

Janela Imunológica,

E pela nova cena de reclusão,

Janela do apartamento!

Janelas internas,

olhos que fazem leituras:

janelas da alma, que te levam ao mundo de dentro!

Por qual janela você prefere se comunicar com o mundo? 

 

Prosa poética em tempos de isolamento social.

 

Oferenda da Morte

Hoje me deparei com a morte

Lembrando que ela me visita todos os dias

Não sei se dela tenho medo ou fascínio 

Pensei que a vida estava a me oferendar essa oportunidade de me refazer, de renascer, de ressignificar o velho, o em desuso, o que não serve mais

Dessa vez, não seria da lagarta para a fada alada, mas do bicho alado para o éter, ou talvez ao pó retornar e colaborar com novos frutos, alimentar futuras sementes 

Já pensou em algo interessante? Todos os anos passamos pela data de nosso nascimento, onde comemoramos nosso aniversário 

Mas a cada aniversário, nos aproximamos cada vez mais da morte e todo ano passamos pelo dia em que aqui nesse corpo já não existiremos, mesmo sem saber qual dos dias será 

Que nostalgia talvez nos assole nesse dia? Que tristeza? Que perturbação? Que dor nos acomete? Esse mistério temos que acolher

Ali, na miudeza do concreto jaz a borboleta/mariposa que um dia polinizou as flores 🌷, encantou crianças, enfeitou jardins. Agora, ali no concreto frio da cidade, ela amassada se apresenta como uma oferenda da morte me tensionando a parir essa prosa poética e nascer em mim a vontade de viver!