Desassossego

Há dias sinto um desassossego

Sentir é algo estranho 

Mas sente o que?

É bom? é ruim?

É doce ou amargo?

Qual tamanho?

Sinto um frio no estômago 

A boca que seca

O coração que bate forte

Algo do mais profundo âmago 

Poderia ser paixão ?

Ou apenas uma intuição?

Quantas dúvidas trepidam

Aqui no meu coração?

O sono vai embora

Meu coração é como um portal

Muita coisa me atravessa

Mas nem sempre comunica

De forma compreensível como um canal

E assim é a Vida

Um desassossego tremendo

Nos convidando a soltar o controle

Pra mergulhar no Ser, Sendo

Sonhos de uma noite que se vai….

Liberdade é soltar os pesos da vida, 

É olhar pra sua essência, 

É se alegrar mesmo diante da tristeza,

É ter coragem mesmo de mãos dadas com o medo. 

Liberdade é ter valentia pra viver em tempos duros, 

Preservando a malemolência de nossa brasilidade! 

poeminha repentino provocado pela querida profa Flávia Ferrari💓

Na dança do mundo, as lambadas que a Vida dá!

Tenho feito uma coletânea de sonhos num diário que ganhei no Natal de 2020.

 Esse material onírico tem rendido profundas sessões analíticas, muitos desenhos, mandalas, meditações, intuições e novas percepções acerca de mim mesma e do mundo que me cerca.

Esse processo começou com uma pesquisa antroposófica das 12 noites Santas após o Natal e o estudo astrológico correlacionado a um planejamento simbólico dos sonhos desse período.

Trabalho profundo que mês a mês, uma comunidade de mulheres vem se aventurando a compartilhar intuições, a realizar meditações, analisar sonhos, para se autoconhecerem e também para intencionarem por um mundo melhor.

Todo sonho, segundo a narrativa junguiana, tem uma parte que pertence a sua trajetória pessoal- como ser humano vivendo uma experiência espiritual ( sua alma) na matéria que é seu corpo, – e ao mesmo tempo,  carregado de imagens arquetípicas representadas pelo inconsciente coletivo.

Então todo sonho,  você pode analisar aquilo que só pertence a você, com sua história, sua trajetória pessoal, mas também há representações que pertencem ao coletivo, ao mundo todo de forma atemporal.

O sonho que eu tive representando a força de Aquarius me remeteu a boas aprendizagens sobre mim mesma, e ao mesmo tempo fui como que arremessada a uma ideia coletiva inspirada por um poema nesse momento duro, cruel, perverso, que temos vivido politicamente nos últimos tempos.

E ao me deparar com o espírito do tempo, Zeitgeist me trouxe a  inspiração desse poema que deixo aqui pra você que é meu leitor. Aproveita, comenta aqui embaixo e compartilha com seus amigos e suas amigas. Quem sabe as pessoas vão parar pra prestar atenção nas mensagens dos seus sonhos! Eu garanto pra vocês que lá onde todos somos UM, há muitas chaves para um caminho de Sabedoria!

 

Na Dança do Mundo…

Quem tá parado não morre
Olha só que contradição?
Contradição é contra a adição 
É não colocar mais nada não 
É um:  menos é mais nesse corre!

Só que Árvore não corre
Árvore enraiza
Fica quieta no lugar
Amortecida 
Aliás, amortecida
Parece amor que morre

Aquele amor que não quer dançar 
Aquele amor que fica bebaço 
E morre na gente a vontade de lutar

Mas de repente a gente fica
Revoltada
E sobe as escadas da vida
Pra reagir a tirania
Que fez caçoada, zombada
Com cara de doido, Coringa
Derrubando em cima da gente
Todo veneno que vertia

Liberdade é o que se quer!
Eu respeito o momento
Momento pra muito silêncio
Mas não respeito o descaramento
Do tirano que provoca esse tormento
E faz toda gente se expor sem sorte,
Ao purgatório da morte.

Como eu queria…

Eu queria poder chorar por amor

Eu queria acreditar que brigar com quem se ama 

É a coisa mais difícil que existe

 

Eu queria chorar de saudade 

Eu queria tirar nota zero na prova

E entrar numa neurose copista e decoreba

Eu queria que caísse um temporal

E ser pega de surpresa sem guarda-chuva 

Mas não! Ao invés disso

A vida me arrebatou

Com suas repetições de ódio, rancor e miséria 

A história ri da nossa cara

Como se tivesse guardado um segredo

Viajando numa máquina do tempo

Eu queria entrar num buraco de minhoca

E me transportar para outra dimensão 

Onde a gente pudesse só rir, rir e rir

Das besteiras lendárias de Odete Roitman!

 

Prosa poética escrita por Naíme A Silva em 2015. Como diria a teoria Junguiana, a expressão artística provém do inconsciente, sendo portanto atemporal. E como temos dentro de cada um de nós, a história do mundo inteiro, essa arte também é a expressão de todo o inconsciente coletivo. Alguma semelhança com o que vivemos hoje?

Janelas

Janelas

Meios de comunicação 

Windows

Janela Imunológica,

E pela nova cena de reclusão,

Janela do apartamento!

Janelas internas,

olhos que fazem leituras:

janelas da alma, que te levam ao mundo de dentro!

Por qual janela você prefere se comunicar com o mundo? 

 

Prosa poética em tempos de isolamento social.

 

Oferenda da Morte

Hoje me deparei com a morte

Lembrando que ela me visita todos os dias

Não sei se dela tenho medo ou fascínio 

Pensei que a vida estava a me oferendar essa oportunidade de me refazer, de renascer, de ressignificar o velho, o em desuso, o que não serve mais

Dessa vez, não seria da lagarta para a fada alada, mas do bicho alado para o éter, ou talvez ao pó retornar e colaborar com novos frutos, alimentar futuras sementes 

Já pensou em algo interessante? Todos os anos passamos pela data de nosso nascimento, onde comemoramos nosso aniversário 

Mas a cada aniversário, nos aproximamos cada vez mais da morte e todo ano passamos pelo dia em que aqui nesse corpo já não existiremos, mesmo sem saber qual dos dias será 

Que nostalgia talvez nos assole nesse dia? Que tristeza? Que perturbação? Que dor nos acomete? Esse mistério temos que acolher

Ali, na miudeza do concreto jaz a borboleta/mariposa que um dia polinizou as flores 🌷, encantou crianças, enfeitou jardins. Agora, ali no concreto frio da cidade, ela amassada se apresenta como uma oferenda da morte me tensionando a parir essa prosa poética e nascer em mim a vontade de viver!