Presságio do Recolhimento

O desejo de se sentir em paz

Traz a ilusão

Que não se deve viver em turbilhão

Mas no fundo do inacessível

Sabemos que pra viver em paz

É necessário surfar no olho do furacão

Esse jeito de agir da Vida

Que tudo tira do lugar e nos convida

A permanecer sereno e em silêncio

Na pulsação da alma

No toque das mãos

E na cadência de um olhar

E a Senhora Mariposa

Com suas asas a farfalhar

Não me visitou hoje materializada na morte

Ela veio com sua presença arrebatar os sonhos

E no seu repouso incômodo

Mesmo que lhe dando passagem

Na janela aberta do quarto

Ela permanece no cômodo

Por que precisa comunicar o presságio

O coração aperta

Por que apesar da esperança na explosão da Vida, a vida também pede recuo

Pede cautela, pede zelo

Pede recolhimento

Pra que ela possa dar alento

A Vida é da ordem do Divino

E o Divino feito em ciclos

Pede elevação no turbilhão

Em posição de respeito

Com a alma em concentração

Libertando o controle

Dissolvendo as dores

Igualando e harmonizando

O entendimento e a intuição

Ouça esse poema no meu podcast Mariposa ao pé do ouvido

 

 

Teatro-Documentário , Contos Épico Narrativos e Story Telling- por Naíme A Silva

 
A semana passada foi mais uma semana impactante pra mim no mundo das artes. Fiz uma oficina fantástica de Teatro-Documentário com o Prof Dr.  Marcelo Soler.
 
Aprendi que nós atores e atrizes, temos uma influência profunda com o teatro ficção numa concepção modernista e que o Teatro-Documentário traz a potência  do pacto documental. Essa outra maneira de pensar as artes da cena constitui-se como uma nova forma de fazer  teatro contemporâneo. 

Um jeito novo de se viver o teatro, a realidade social, as poéticas, as expressões criativas! 

Nessa oficina pude fazer dois rascunhos cênicos documentais: 

Nesse primeiro rascunho, eu tinha que me apresentar de maneira documental. Trouxe como documento, elementos cênicos que sim, falavam de mim, mas eu ainda não tinha compreendido a força e potência do pacto documental e acabei trazendo uma apresentação de mim mesma de forma muito ficcional. Ficou assim:

 

Na segunda apresentação, a proposta foi trazer  uma cena da pandemia.

Aqui  me debrucei sobre um tema dentro da pandemia, mas me preocupando em não estabelecer o mais do mesmo ou uma forma clichê. Assim, precisei fazer uma pesquisa sobre o tema, uma pesquisa documental, a busca dos elementos cênicos como documentos, a formulação de um texto/ relato, a gravação desse texto/relato em um áudio, a escolha de uma música que também pode ser considerado um documento.

Outra situação interessante foi que eu pedi avaliação de duas pessoas antes de submeter o rascunho na oficina e meu objetivo era avaliar o pacto documental no olhar do interlocutor do rascunho cênico documental. As impressões que tive me levaram a refletir sobre a força do documento explícito e sua veracidade, bem como de documentos implícitos ou que evocassem a imagem de documentos factuais.

O tema que escolhi eu já havia feito dele um conto de fadas, um poema e Story Telling.

O assunto desse tema foi o estupro da menina de 10 anos por seu tio e sua saga por hospitais de vários Estados Brasileiros para a realização de um aborto, e mesmo depois da justiça determinar a autorização do procedimento, eu quis trazer a reflexão de todas as humilhações e violências institucionais vividas pela menina. 

Nessa pesquisa eu trouxe muitos documentos explícitos como matérias jornais da época e implícitos como bonecas, mochilas, massinha de modelar, alça de sutiã que serviu de amarras aos olhos e boca da boneca. Importante lembrar que tanto no primeiro rascunho, quanto no segundo, eu tinha menos de um minuto pra cumprir o desafio e mesmo assim extrapolei o tempo. Abaixo o Vídeo/Teatro-Documentário Pandemia_2020 e os documentos/elementos cênicos escolhidos:
 

 
 
Meu poema foi citado num dos episódios do Podcast Chutando a escada, no link abaixo, bem como publicado aqui no Jardim da Mariposa conforme links abaixo:
 
 
 
O Jardim da Mariposa :

Perdoa, Criança Divina!

Quinze dias antes eu tinha realizado um curso de Story Telling com o Prof Dr Ivan Mizanzuk, onde aprendi técnicas muito parecidas com o teatro-documentário, mas num contexto Literário e com metodologias de autores estadunidenses bem específicas de contar histórias.
 
E assim, pude reescrever um conto que havia escrito de forma épico-narrativo, agora na metodologia do Story Telling, que compartilho aqui com vocês:
 
Quero contar pra você que esse trabalho com o conto de fadas, foi provocado pelo meu diretor de Arte, prof Adanias de Souza, do nosso grupo de teatro Acorda Alice, que já tem mais de 35 anos. Esse trabalho está se constituindo num projeto tão grande e incrível que me fez estabelecer parcerias com artistas maravilhosos no campo da música, que na altura certa, eu venho divulgar aqui pra você, flor do meu Jardim.
 
Aguardo gentilmente seus comentários sobre meu trabalho que vai se descortinando aos longo de tantas décadas, sobre as Artes da Cena, as artes dos contos épico-narrativos, as artes das histórias, das poéticas, da composição musical, da Filosofia, da Arteterapia de Base Junguiana, da Literatura e da Educação de crianças pequenas e supervisão e formação profissional de professoras/res.

Agradeço aos mestres incríveis Marcelo Soler, Ivan Mizanzuk e Adanias de Souza pela profundidade desses conhecimentos e vivências práticas da Arte da Cena e do Campo da Literatura. 

Na dança do mundo, as lambadas que a Vida dá!

Tenho feito uma coletânea de sonhos num diário que ganhei no Natal de 2020.

 Esse material onírico tem rendido profundas sessões analíticas, muitos desenhos, mandalas, meditações, intuições e novas percepções acerca de mim mesma e do mundo que me cerca.

Esse processo começou com uma pesquisa antroposófica das 12 noites Santas após o Natal e o estudo astrológico correlacionado a um planejamento simbólico dos sonhos desse período.

Trabalho profundo que mês a mês, uma comunidade de mulheres vem se aventurando a compartilhar intuições, a realizar meditações, analisar sonhos, para se autoconhecerem e também para intencionarem por um mundo melhor.

Todo sonho, segundo a narrativa junguiana, tem uma parte que pertence a sua trajetória pessoal- como ser humano vivendo uma experiência espiritual ( sua alma) na matéria que é seu corpo, – e ao mesmo tempo,  carregado de imagens arquetípicas representadas pelo inconsciente coletivo.

Então todo sonho,  você pode analisar aquilo que só pertence a você, com sua história, sua trajetória pessoal, mas também há representações que pertencem ao coletivo, ao mundo todo de forma atemporal.

O sonho que eu tive representando a força de Aquarius me remeteu a boas aprendizagens sobre mim mesma, e ao mesmo tempo fui como que arremessada a uma ideia coletiva inspirada por um poema nesse momento duro, cruel, perverso, que temos vivido politicamente nos últimos tempos.

E ao me deparar com o espírito do tempo, Zeitgeist me trouxe a  inspiração desse poema que deixo aqui pra você que é meu leitor. Aproveita, comenta aqui embaixo e compartilha com seus amigos e suas amigas. Quem sabe as pessoas vão parar pra prestar atenção nas mensagens dos seus sonhos! Eu garanto pra vocês que lá onde todos somos UM, há muitas chaves para um caminho de Sabedoria!

 

Na Dança do Mundo…

Quem tá parado não morre
Olha só que contradição?
Contradição é contra a adição 
É não colocar mais nada não 
É um:  menos é mais nesse corre!

Só que Árvore não corre
Árvore enraiza
Fica quieta no lugar
Amortecida 
Aliás, amortecida
Parece amor que morre

Aquele amor que não quer dançar 
Aquele amor que fica bebaço 
E morre na gente a vontade de lutar

Mas de repente a gente fica
Revoltada
E sobe as escadas da vida
Pra reagir a tirania
Que fez caçoada, zombada
Com cara de doido, Coringa
Derrubando em cima da gente
Todo veneno que vertia

Liberdade é o que se quer!
Eu respeito o momento
Momento pra muito silêncio
Mas não respeito o descaramento
Do tirano que provoca esse tormento
E faz toda gente se expor sem sorte,
Ao purgatório da morte.