O trabalho dos contos épico- narrativos no setting arteterapêutico 

A pandemia nos trouxe vários desafios contemporâneos, sobretudo para os arteterapeutas.

Nosso ofício é a materialidade pela corporeidade no movimento ou na dança; nas mãos que nos conduzem ao diálogo com o inconsciente por meio da argila, aquarela, mandalas, desenhos, mosaicos; pelos contornos do nosso rosto, por meio da modelagem de máscaras de gesso e de outros materiais; das mãos que costuram, cerzem e bordam ponto a ponto as nossas histórias nas artes têxteis. Essa materialidade não é impossível no mundo virtual, entretanto tem se apresentado como um enorme desafio nos atendimentos online. 

Mas há uma modalidade que, ao menos no meu setting, parece ter sobrevivido as tempestades desses tempos de conexões virtuais, sem o calor da presença: o calor das histórias e dos contos épico-narrativos. 

Tive a oportunidade de escrever uma monografia a respeito do trabalho arteterapêutico com esses contos, que compõem os mitos, lendas, lendas urbanas, fábulas, contos de fadas, contos de terror, contos de ficção científica, contos fantásticos, contos de fantasia, em experiências grupais que prometo contar a você numa outra postagem     aqui nesse Jardim. 

Em outras oportunidades, no Podcast Mariposa ao pé do Ouvido #série Histórias & contos, pude mostrar esse maravilhoso universo dos contos épico-narrativos que captura nossa alma humana, revelando o poder que tem a literatura para realizar a função transcendente para nossa alma.

E nesse universo mágico e imagético, a pesquisadora e contadora de histórias junguiana, Clarissa Pinkola Estès, tem sido nossa musa inspiradora, para mim e e para muitas/os de minhas/meus analisandas/os. 

Dra. Clarissa Pinkola Estès

Temos viajado nas pradarias com La Loba, mergulhado na profundeza das Águas com a Mulher Esqueleto, tentando ouvir nossa boneca interior com Vasalisa , a boneca sabida e buscado nosso pertencimento com o Patinho Feio e nos aquecido nas lareiras das mulheres sábias. 

Também é presente em nosso setting arteterapêutico, entre outros mitos,  os orientais de Sidharta Gautama, o Buda;  na India com Ganesha;  de nosso herói Arjuna no cântico de sabedoria em  Bhagavad Gita; nos mitos gregos como em  A Caverna de Platão; em todo panteão dos Orixás da sabedoria africana, além de nossas lendas ameríndias com as  belíssimas histórias tupi guarani e dos arquétipos da cosmologia maia presentes no sincronário da paz. 

Mas hoje nossa Mariposa ao Pé do Ouvido vem nos contar um Mito Grego/Romano relevante ao tempos contemporâneos.

Com as belíssimas imagens da publicação de Mitologia da editora Abril Cultural, volume II, vamos hoje conhecer mais de pertinho a história de Narciso e Eco e compreender com mais calma e cuidado esses aspectos que tem insistido em compor uma máscara fixa, uma persona contemporânea e nada melhor do que esse Mito para abrirmos um diálogo com esse complexo rígido do “pequeno Eu inflado”. 

Antes de eu te deixar com essa audição, quero te dizer que os Mitos representam simbolicamente nossos sonhos coletivos. Nosso mundo onírico da humanidade, um acervo arqueológico fundante de nossa alma coletiva, morada de tantos arquétipos que constituem a história da humanidade. 

Por meio da escuta dos Mitos, lendas e contos épico-narrativos, a gente se transporta, passa por um portal e adentra esse sonho coletivo, se banhando nas imagens arquetípicas  que dialogam com nosso insconsciente e nos ajudam a expandir a consciência e quem sabe trazer algumas reflexões necessárias pra gente individuar e evoluir.

Fique agora com Narciso e Eco. Assine meu blog O jardim da Mariposa pra receber todas as novidades em seu email. Deixa aqui seus comentários e se achar bacana, compartilhe em suas redes sociais, espalhando junto comigo o perfume das flores desse Jardim e o farfalhar das Asas enormes e barulhentas da Mariposa que me acompanha.

Ouça “#serie histórias ao pé do ouvido episódio 4_Narciso e Eco” no Spreaker.

Sincronicidade e Individuação, um chamado da Mariposa

Há alguns anos que um desejo me atravessa, abrir uma escola sustentável, científica, holística, artística, filosófica, de agricultura familiar, antropofágica com a concepção de uma pedagogia Macunaímica como diria Prof.a Ana Lucia Goulart de Faria, que acolhesse uma pedagogia do aprender fazendo e do fazer aprendendo como nossos povos originários sempre fizeram.

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Depois que me aposentei de 30 anos construindo educação integral e em território rumo a cidade educadora no município de São Paulo, acreditei que esse fosse meu caminho. Mas não somos nós que traçamos o nosso caminho; é o caminho quem nos “traça” (risos).

E o caminho que foi traçado para mim e que fui arrastada a ele foi continuar vivendo no Centro de São Paulo, onde moro há 25 anos e convivo há 35 anos e aqui estabelecer o meu serviço humano a favor da vida.

Não imaginei que eu fosse me consolidar por aqui e implementar um serviço de Saúde Mental, Educação, Arte, Cultura e Filosofia, tudo junto. Mas foi o que aconteceu.

Dia 4 de junho de 2022, inauguramos a Anima Augusta, o Coração do Bixiga, um espaço que eu já tinha sonhado em constituir, mas que pensava fosse dentro da Escola da Floresta que venho sonhando há bastante tempo e que seria na verdade, o corpo físico do Jardim da Mariposa Ateliê.

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Imagem que escolhemos para representar a Anima Augusta, do fotógrafo Jeferson Gomes no Projeto Cidade Nu

Mas a vida tem razões que a própria razão desconhece e aqui estou de qualquer forma feliz por esse feito, mas com um enorme frio na barriga de seguir essa travessia.

A Anima Augusta, nasceu como uma filha que precisava aparecer, precisava existir e que sinto que quer se consolidar como um ponto de acupuntura urbana e que junto ao verde do Parque Augusta –  frutos de tantos anos de luta, que tive a honra de participar com as crianças da Gabriel Prestes e de escrever um artigo sobre isso numa publicação junto a amigos da FEUSP e com Marcia Gobbi – ajudar a circular uma energia de um lugar tão potente, mas tão sofrido como nosso querido Bairro do Bixiga.

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Para assistir o lançamento do Livro Crianças, Educação e o direito a Cidade, clique acima.

Na inauguração, a Anima Augusta já mostrou a que veio.

Tivemos a apresentação da Diambas Franzem com o Projeto BrincaCEU na qual fomos premiadas em 2017 pelo Instituto Tomie Ohtake:

Diambas Franzen, coordenadora do BRINCACEU e Anna Cecilia Simões, a primeira gestora do CEU Butantã em 2003 e 2004.

Teve rodas de conversa entre Psicoterapeutas e Arteterapeutas; teve uma esquete de Palhaçaria com Naná Ladeira e sua palhaça Berinjela e Gabriel Ladeira da CIA Ladeira Abaixo com seu palhaço Tico:

Palhaça Berinjela
Palhaço Tico da CIA Ladeira Abaixo

 Teve o Babado de Chita, que desde 2002 faz apresentações inspirados por manifestações tradicionais populares brasileiras como brincantes da cidade grande, nos presenteou com cirandas:

E por fim fizemos um concerto de choro e samba das artistas Ana Cláudia César e Rosana Bergamasco, musicistas incríveis que escolheram canções para embalar as histórias da Mariposa, contadas por mim, Naíme Silva, artista, escritora, poeta, educadora, psicóloga e arteterapeuta e eterna aprendiz de filosofia:

Tenho que admitir à vocês, minha enorme alegria em estar com essas amigas psicoterapeutas, muitas delas, estudaram comigo na graduação da UNIP, há exatos 30 anos atrás e outras, tão jovem mas intensa amizade do IJEP/ Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa, onde temos realizado nossa formação em JUNG.

Tivemos nessa tarde e noite ilustre por volta de 70 pessoas, entre amigos e amigas, parceiros/as de trabalho, alunas/os, supervisionandas/os e muitas/os terapeutas, pacientes e clientes dos terapeutas, que comporão nossa equipe fixa e eventual. Foi um dia inesquecível!

E no domingo, ainda tivemos a ilustre visita de amigas arteterapeutas do IJEP, educadoras da PMSP, minhas afilhadas de casamento e supervisionandas da educação integral, e minha querida parceira de trabalho e contadora da Anima Augusta Fabíola Murakami, que foram recebidas na nossa cozinha terapêutica com o grupo Frô de Chita, grupo de mulheres das comunidades do território Butantã, que se transformaram em educadoras populares do BRINCACEU, num delicioso café da manhã cheio de cantoria e ciranda, sob a batuta de Diambas Franzen, nossa querida DiBruxa nordestinamente brasileira.

Quero também te mostrar como nosso Jardim da Mariposa Ateliê ficou lindo e cheio de possibilidades de sua alma se manifestar pelas imagens do Inconsciente:

Agradeço por visitar nosso Jardim e te peço que aqui comente, e compartilhe em suas redes sociais de forma que possamos espalhar o perfume das flores desse Jardim e peço também que não se assustem com o farfalhar das asas dessa enorme mariposa, que me acompanha desde pequena, me trazendo sincronicidades e me auxiliando no meu processo de individuação.

Deixo vocês com essas imagens e vídeos de Inauguração da Anima Augusta, que falam por sí mesmos. Aguardamos sua visita na Anima Augusta e no Jardim da Mariposa Ateliê, tanto no espaço virtual que deixarei o link, quanto no espaço físico. Conforme tudo for se consolidando e ganhando corpo venho aqui pra contar todas as venturas e aventuras que aprontaremos por lá.

 

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