Um pouquinho de Jung no dia de seu aniversário

CGJung

Estou atualmente estudando Carl Gustav Jung, um psiquiatra nascido na Suíça, em 1875, que nos trouxe vastos conhecimentos que chamamos de psicologia analítica ou psicologia profunda.

Quando criança Jung ficou um ano sem ir à escola, após ter sido agredido por um amigo e desenvolveu uma espécie de síndrome do pânico.

O pai de Jung era pastor luterano e sua mãe era uma mulher rica, poderosa, mística e muito culta e, por ambas as influências, Jung interessou-se toda a sua vidas por religiosidade, filosofia, arqueologia, sociologia e psiquiatria e psicanálise. Leu Schopenhauer, Nietsche, Kant, Goethe, todos os renascentistas, grandes filósofos e, por esse motivo, usou suas próprias angústias, medos e cólera como fonte de estudo e pesquisa.

Formou-se em psiquiatria aos 26 anos em 1900, quando já havia lido “A interpretação dos sonhos” e os estudos de Breuer e Freud sobre histeria.

Somente em 1907, quando Jung escreveu um livro sobre psicologia da demência precoce, que era o nome que se dava a esquizofrenia na época, ele resolveu enviá-lo a Freud,  para que assim pudessem trocar conhecimentos.

Jung então foi a Viena durante 15 dias e lá tiveram um encontro numa conversa que durou 13 horas e que Jung classifica como “[…] uma conversa muito longa e penetrante”.

Dessa conversa nasceu uma forte amizade pessoal. Entretanto, apesar de Freud ser alguém do afeto de Jung, ele o considerava de natureza muito complicada, porque, segundo Jung, as ideias de Freud eram fixas, quando pensava algo, assim estava estabelecido e enquanto Jung se via como alguém que duvidava de tudo e de todas as coisas o tempo todo.

Entre tantas ideias divergentes, aquela que fez o rompimento dessa parceria profissional foi que, para Freud, o inconsciente humano é apenas pessoal e para Jung temos tanto o inconsciente pessoal quanto o coletivo – o que era inconcebível para Freud.

A partir daí, Jung desenvolve sua psicologia profunda e revisita toda sua obra após os 70 anos, escrevendo sobre os arquétipos do inconsciente coletivo, sobre os complexos do inconsciente pessoal, sobre a sombra, persona, anima/animus e SELF, que é o centro da essência de cada um de nós.

Ainda afirmou que nos relacionamos com o mundo exterior por meio dos sentidos, que cada individualidade pode se relacionar de forma introvertida ou extrovertida e que apresentamos formas dinâmicas de  tipos de relação com o mundo – que podem ser pela sensação, pelo pensamento, pelo sentimento e pela intuição.

Estas características combinadas na individualidade humana podem apresentar até 64 combinações entre esses opostos extrovertido/introvertido combinando pensamento/sentimento e sensação/intuição, entrelaçando-se em variadas combinações.

Para tanto revelou também, além dessas características humanas, sobre quatro tipos de temperamentos encontrados nas pessoas: colérica, fleumática, sanguínea e melancólica. Nosso aprendizado humano é não permitir que um desses temperamentos sejam fixos em nossa persona, mas que possamos dar movimento a elas num equilíbrio entre o ego e a sombra, num grande pingue-pongue dos temperamentos, pois a repressão da vazão de qualquer desses temperamentos, pode estabelecer as doenças físicas e ou mentais.

Nesse sentido é que se estabelece o trabalho da psicologia analítica de Jung, que evoca o que está retido nas sombras da alma humana e que se manifesta como fala/voz nas doenças do corpo ou da mente.

A ArteTerapia nesse sentido, é um das formas da pessoa em análise, materializar na arte esse vai-vem dos conteúdos (complexos e arquétipos) que transitam do inconsciente para o consciente com o objetivo de descobrir sua individuação.

Jung nasceu na data de hoje, em 26 de julho de 1875 e morre aos 85 anos em 1961, nos deixando um legado incrível – a psicologia clínica – a qual me sinto privilegiada de estudar. 

No vídeo abaixo você poderá assistir uma entrevista incrível do Jung, publicada no canal Jung na Prática. Se eu fosse você não perderia a oportunidade de conhecer esse grande homem.

Naíme Andréa Silva

Inverno/2019

Aluna do IJEP/ Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa

https://youtu.be/JK_Jnor6w88

4 respostas para “Um pouquinho de Jung no dia de seu aniversário”

  1. Estou também conhecendo mais sobre Jung ao estudar a vida e obra da Dra. Nise da Silveira, de quem foi um importante mentor. Ontem mesmo, iniciava meu trabalho sobre sua biografia, para meu trabalho no Curso de Formação em Aconselhamento Biográfico da Escola Livre Antroposofia e Estudos Biográficos de Juiz de Fora, Minas Gerais. Depois de já ter lido alguns livros a respeito e visitado o Museu de Imagens do Inconsciente em Engenho de Dentro percebo o quanto foram importantes as obras e o contato pessoal da Dra. Nise da Silveira com Jung para compreensão das manifestações artisticas que ela promovia para cuidado de seus clientes em Engenho de Dentro e também na Clinica das Palmeiras. Tem ainda o mérito de ter sido a pioneira em trazer para o Brasil os estudos junguianos a partir da criação do Grupo de Estudos C.G.Jung no Rii de Janeiro em abril de 1955.

    1. Ola Rubens! Que alegria tê-lo aqui! Nise da Silveira foi uma grande mulher, uma profissional sensível pelos direitos humanos e representante da luta antimanicomial no Brasil. Que interessante sua pesquisa! Vc mora em Minas? Minha família está em Minas também. Volte aqui mais vezes, que possamos trocar ideias e experiências! Um abraço 🤗

  2. Naíme. Bom dia. Obrigado por acolher meu comentário. Ótimo poder participar deste grupo. Não moro em Minas, vou para Juhz dd Fora, a cada dois ou três meses ds acordo com o calendário de meus módulos do curso de Formação em Aconselhamento Biográfico. Aliás, se você souber de pessoas interessadas nessa formação, um novo grupo – o sêtimo – inicia em setembro próximo e já estacom as inscrições em andamento. Por falar em Luta Antimanicomial, visitei o “Museu da Loucura” em Barbacena, em maio último, para ter mais elementos para meu trabalho justsmente em razão da atuação da Dra. Nise nesse campo. Também já estive em visita à “Casa das Palmeiras” em Botafogo, no Rio de Janeiro, um lugar de cuidados e estudos Junguianos, fundada por ela, em 1956, e que foi, posteriormente, modelo para os CAPS no Sistema SUS.

    1. Minha família morou em Barbacena e não consegui visitar o Museu da Loucura, acredita? Querido, muito boa sorte nos teus estudos! Obrigada por suas visitas! Seja sempre muito bem vindo! Volte!

Os comentários estão desativados.