O desejo de se sentir em paz
Traz a ilusão
Que não se deve viver em turbilhão
Mas no fundo do inacessível
Sabemos que pra viver em paz
É necessário surfar no olho do furacão
Esse jeito de agir da Vida
Que tudo tira do lugar e nos convida
A permanecer sereno e em silêncio
Na pulsação da alma
No toque das mãos
E na cadência de um olhar
E a Senhora Mariposa
Com suas asas a farfalhar
Não me visitou hoje materializada na morte
Ela veio com sua presença arrebatar os sonhos
E no seu repouso incômodo
Mesmo que lhe dando passagem
Na janela aberta do quarto
Ela permanece no cômodo
Por que precisa comunicar o presságio
O coração aperta
Por que apesar da esperança na explosão da Vida, a vida também pede recuo
Pede cautela, pede zelo
Pede recolhimento
Pra que ela possa dar alento
A Vida é da ordem do Divino
E o Divino feito em ciclos
Pede elevação no turbilhão
Em posição de respeito
Com a alma em concentração
Libertando o controle
Dissolvendo as dores
Igualando e harmonizando
O entendimento e a intuição
Ouça esse poema no meu podcast Mariposa ao pé do ouvido