Podcast Mariposa 🦇ao Pé 🦶🏾do Ouvido🦻🏾

Olá meus leitores, tenho novidades! Agora você pode não somente ler a arte e reflexões que me travessam, como também ouvir essa arte e reflexões pelo podcast Mariposa ao Pé 🦶🏾 do Ouvido  🦻🏾. 

Esse podcast é na verdade a segunda parte de um dos projetos que tenho construído há uns 5 anos que consiste nesse blog, no podcast e no Ateliê  O Jardim da Mariposa.

Jardim todos ja puderam ler por aqui pela enorme inspiração de Epicuro, um grande Mestre que me acompanha há algumas décadas que acreditava que a busca da Sabedoria e da Ética poderia ser construída da Filia, na Amizade, ao congregar amigas, amigos, amigues para que os laços de amizade fosse construídos no conhecimento e amor `a sabedoria.

Mariposa porque esse arquétipo me conduz desde bem pequena as reflexões acerca das transformações da vida, para as grandes e pequenas mortes, para as mortes do cotidiano e para o presságio da morte. Para o recolhimento,`a hibernação, a saber esperar, à paciência,  a libertação e `a leveza.  Um baita aprendizado que me conduz a uma jornada nessa vida constantemente desafiadora, porém  tão interessante!

O Podcast Mariposa ao Pé 🦶🏾 do Ouvido 🦻🏾 , é  constituído de séries. Cada série  traz pra sua audição um diálogo  diferente que pode ser um poema meu ou de outro artista, uma leitura de oráculo , que faz parte do meu rezo de todas as manhãs na minha conexão com o sagrado que há em Mim, reflexões, entrevistas, leitura de histórias, contos, lendas, mitos e afins,  leituras de trechos comentadas ou discutidas em grupos de autores em educação, psicologia, artes ou filosofias. Ou seja, o blog segue os mesmo temas e formato desse blog, mas agora para sua audição. 

Sua estrutura então por enquanto está assim:


1. Série :Poemas da Mariposa- By Naime Silva

2. Série: Contoterapia- contos, mitos e histórias épico- narrativo pra movimentar sua alma

3. Série : leituras Oraculares- na voz de Naíme Silva

4. Série:Pílulas Freirianas – trechos comentados do pensamento e obra de Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira

5. Série: JUng-ando conversa fora- um bate papo informal com especialistas sobre o pensamento e Obra de Carl Gustav Jung

6. Série: Filia no Jardim: Entrevistas com filósofos e aprendizes sobre temas filosóficos

Tanto o Jardim da Mariposa quanto a Série Filia no Jardim é inspirado no pensamento epicurista e No Jardim de Epicuro.

Hoje vamos inaugurar a série “JUNG-ando Conversa Fora”, que pode trazer leituras de trechos do pensamento junguiano comentadas ou não, entrevistas ou bate papos em grupo ou duplas sobre a narrativa Junguiana. 

Inauguramos hoje com a leitura de um trecho do livro Os fundamentos da Psicologia Analítica” no parágrafo 320, onde Jung nos arrebata com seu pensamento sobre a relação analista e analisando, que sinceramente dispensa comentários. 

Você encontra o Podcast Mariposa 🦇ao Pé 🦶🏾 do Ouvido🦻🏾 no agregador Spreaker, no Spotify e no Google Podcast. 

Spreaker

Google Podcast

Pra acompanhar a Série de hoje “ JUNG-ando Conversa Fora” ouça aqui e deixe seu comentário e sugestões do que você deseja ouvir. Obrigada!

Presságio do Recolhimento

O desejo de se sentir em paz

Traz a ilusão

Que não se deve viver em turbilhão

Mas no fundo do inacessível

Sabemos que pra viver em paz

É necessário surfar no olho do furacão

Esse jeito de agir da Vida

Que tudo tira do lugar e nos convida

A permanecer sereno e em silêncio

Na pulsação da alma

No toque das mãos

E na cadência de um olhar

E a Senhora Mariposa

Com suas asas a farfalhar

Não me visitou hoje materializada na morte

Ela veio com sua presença arrebatar os sonhos

E no seu repouso incômodo

Mesmo que lhe dando passagem

Na janela aberta do quarto

Ela permanece no cômodo

Por que precisa comunicar o presságio

O coração aperta

Por que apesar da esperança na explosão da Vida, a vida também pede recuo

Pede cautela, pede zelo

Pede recolhimento

Pra que ela possa dar alento

A Vida é da ordem do Divino

E o Divino feito em ciclos

Pede elevação no turbilhão

Em posição de respeito

Com a alma em concentração

Libertando o controle

Dissolvendo as dores

Igualando e harmonizando

O entendimento e a intuição

Ouça esse poema no meu podcast Mariposa ao pé do ouvido

 

 

Sonhos de uma noite que se vai….

Liberdade é soltar os pesos da vida, 

É olhar pra sua essência, 

É se alegrar mesmo diante da tristeza,

É ter coragem mesmo de mãos dadas com o medo. 

Liberdade é ter valentia pra viver em tempos duros, 

Preservando a malemolência de nossa brasilidade! 

poeminha repentino provocado pela querida profa Flávia Ferrari💓

Premio IBEST de Filosofia

Hoje eu venho mais uma vez falar da minha escola de Filosofia a Maneira Clássica , Organização Internacional Nova Acrópole. Já contei pra vocês que sou daquelas pessoas que desde criança me vejo como aprendiz de filosofia, porque sempre muito questionadora, sempre muito reflexiva, me lembro ainda bem pequenininha de mergulhar em profundos pensamentos sobre a existência de Deus, da Natureza, dos Seres Vivos, e também  sobre os arquétipos da Justiça, da Beleza e da Felicidade. Não atoa, minhas formações passaram pelo Teatro, Educação e Psicologia, caminhos trilhados na busca da Sabedoria. 

Mas eu tinha prometido no outro post sobre a Nova Acrópole que você pode acessar aqui:

https://naimeasilva.blog/uma-busca-eterna-pelo-crescimento-espiritual-e-pela-sabedoria/ 

Que eu traria um pouco mais do aprendizado que temos discutido em Nova Acrópole e como eu tenho registrado essas reflexões.  Eu quis pegar carona num momento bem especial pra nós na escola quando estamos passamos para a segunda etapa pra ganhar o Premio IBEST nas categorias Desenvolvimento Pessoal e Cultura e Curiosidades, que no final das minhas reflexões eu deixarei o link pra você contribuir com seu voto nessa escola filosófica que perpetua a corrente Mestre e Discípulo que Platão nos ensina no Mito da Caverna.

Mas antes de você votar, quero te mostrar as reflexões do que aprendi com a Profa Fabíola Demétrio de Oliveira que ministrou a cátedra de Sociologia-Política e Filosofia da História em Nova Acrópole.

“Na vida duas coisas são certas, o amor e a morte! “ Platão

Reflexões acerca da Filosofia como centro das ideias e uma jornada rumo ao equilíbrio da alma humana e da Natureza

Para iniciar uma reflexão acerca do individuo, sociedade, Estado e História, inicialmente é necessário, contextualizar reflexões acerca do modo do ser humano se organizar no mundo.

No mundo todo, com exceção dos povos que vivem em esquemas tribais ou comunitários, os seres humanos organizam-se socialmente de maneira a manipular, enganar e extorquir os ideais e valores mais nobres e verdadeiros da alma humana.

Nesse sentido, podemos compreender porque a própria Filosofia fica diminuída ou renegada nas relações humanas, educacionais, políticas e sociais, pois sendo ela em sí um ponto nevrálgico e fundamental de conexão para a integração desses valores nas Ciências, Artes, Religiões e Política, não esteja colocada no centro do sistema político e social das nações no mundo atual.

E porque entendemos que a Filosofia não está colocada como centro dos valores humanos no mundo atual, percebemos o desiquilíbrio, o descompasso, a cisão na alma humana da maioria das pessoas, levando a um processo de auto degradação e destruição do planeta.

Posto isso, se faz necessário recordar quem somos como indivíduos, como sociedade, como Estado, e na História da humanidade, para justificar que a Filosofia enquanto busca da Sabedoria precisa ser o centro da organização humana enquanto valores individuais e consequentemente sociais, políticos e históricos.

Quando compreendemos que da Filosofia, nasceram pensamentos humanos acerca da natureza das coisas, da reflexão da existência quanto a vida e morte, das relações humanas e de como nos organizamos; entendemos que ela é geradora do conhecimento científico, das tecnologias, da fé nos Deuses, da inspiração para as Artes, da disputa e ocupação de territórios, das relações de troca, da vivência em comunidades e tribos e da criação de formas de organização política. Portanto ela congrega vários saberes, crenças, valores e princípios, que precisam ser refletidos de forma integrada e comparada na busca da sabedoria.

A Educação nesse sentido, trazida pelo pensamento de Platão, poderia ser uma chave importante para trilhar esse caminho da Filosofia que fomenta essa integralidade dos saberes e quem sabe buscar princípios e fins em comum ao Bem de todos. Ainda que esse seja um ideal que carrega muitos desafios, colocar a Filosofia no centro do debate educacional no mundo atual, seria a construção de uma jornada fundamental para garantirmos o equilíbrio interior da alma humana, do planeta Terra e de sua forma de organizar o equilíbrio da vida de todos os seres que nela habitam.

A etimologia da palavra Educação é educere, eduzir, retirar, extrair, cultivar, nutrir, criar de algo que vem de dentro de cada um de nós. E se nossas crianças fossem desde pequeninas convidadas ao exercício da reflexão integrada dos saberes e ao amor pela busca da sabedoria, certamente estaríamos trilhando uma jornada mais equilibrada, acordando-nos e despertando-nos para a verdade, bondade, beleza, justiça e fraternidade expressos num genuíno interesse humano no mundo atual.

Mas uma outra questão se coloca diante desse ideal: Como trazer a Filosofia como centro ou alvo da Educação no mundo atual?

Certamente aqui, defendemos que a Filosofia está para além de estudos teóricos, mas que convoca a uma prática diária de reflexão dessa jornada em busca da sabedoria. Os Mitos se colocam nesse sentido como ferramentas aliadas nesse processo porque nos trazem metáforas importantes para nossa vida tanto interior como exterior.

No mito da caverna por exemplo, Platão nos traz vários arquétipos existentes dentro de nós que nos impedem e nos impulsionam para essa jornada.

A caverna como um mundo das sombras que nossa alma habita, um mundo das ilusões, Maia. Os cativos acorrentados, conformados e num cativeiro naturalizado impedidos de se mexer, como observadores de imagens que acreditavam ser reais por muitos anos nessa condição, também revela nossa condição interior de uma alma cativa, vivendo de apegos, de mentiras.

A figura dos Amos, que manipulavam as imagens e vozes a fim de que pudessem enganar os cativos e trazer assim um falso ou aparente conforto. Quantas vezes não nos auto esganamos, não nos auto sabotamos, não fazemos de tudo para permanecermos numa zona de conforto, ainda que isso nos acorrente?

O símbolo da fogueira que tanto pode aquecer ilusoriamente, quanto pode servir para produzir falsos contornos, quanto pode nos chamar atenção para um esgotamento de nos manter na mesma situação? O mesmo calor que aquece, pode também ser o que nos desconforta?

A analogia da saída do primeiro homem da caverna, que precisa quebrar as correntes, levantar seu corpo, mesmo que seus músculos estejam fracos de permanecer por tanto tempo inerte, a escalada íngreme do terreno e todo o esforço, a saída da caverna e a cegueira ocasionada pelo excesso de luz solar, nos remete a jornada daqueles que buscam a verdade. A busca da verdade não é um processo fácil, confortável com um terreno plano e firme. Pode ser e na maioria das vezes é um processo em que se esgota uma situação, que exige um esforço que vai do físico ao espiritual, nos colocando em caminhos tortuosos, que testam nossa força e fé na busca, que exige de nós, ultrapassar a passagem pelos nossos amos, desejar enfrentar nossas sobras, muitas vezes nos machucar, testar nossas forças e quando conseguimos somos ofuscados pela verdade, levando ainda um tempo para compreender aquilo que passamos a ver.

Esse processo assim como o Homem que sai da caverna e depois de um tempo vislumbra a Verdade do mundo, a beleza que a vida coloca diante de seus olhos, a contemplação e a reflexão posterior sobre a Justiça de não viver isoladamente esse processo e a Vontade de incentivar seus irmãos cativos para igualmente viverem a jornada, também nos convida à analogia com nosso ideal de sociedade.

O homem que fez a jornada em busca da verdade se torna um sábio, um mestre e só ele pode retornar no caminho realizado, porque ele sabe o caminho de volta, sabe do que terá que enfrentar e seu retorno se dá por fraternidade, porque vislumbrou a verdade, contemplou a beleza, refletiu sobre a justiça, e pode fazer o caminho de volta, viver a saga do retorno para fraternalmente colaborar com a jornada dos seus.

O Mito da Caverna de Platão, assim como a vasta potência das Mitologias de várias culturas, são carregadas de tantos arquétipos que existem dentro de nós e que a luz da Filosofia, parece-nos ser uma rica ferramenta de trabalho educacional para um trabalho prático de nosso mundo interior assentado no centro da alma humana, precisando apenas ser recordado a luz da sabedoria que existe em cada um de nós e de nossa capacidade de construir laços, de ajudarmos uns aos outros, no esforço de cada saga individual e coletiva, expressos na metáfora da corrente entre mestre e discípulo.

Para que então, consideremos o trabalho da Filosofia no processo de individuação, pressupomos que esse é um processo, é uma busca permanente pela unidade, tanto dentro de cada um de nós como enquanto sociedade.

No individuo, essa busca se dá na escalada dos mundo quaternário que objetivamente tentará se perpetuar em atender apenas a realização as sensações, instintos e desejos, de um eu inferior rumo a um Eu superior representado por nossa tríade, composta pelo mapa espiritual, mente pura, intuição e vontade, que é nossa essência, nossa parte divina, nosso mundo de sabedoria, o sol em nós, que encontramos fora da caverna.

Mas esse processo quando trilhado no mundo interno, também pode ser trilhado coletivamente na sociedade tendo como uma de suas principais chaves a educação.

Nesse sentido princípios filosóficos e princípios políticos são complementares, pois se enquanto individuo posso viver em autorreflexão interior para fora de minha caverna interna, onde posso individualmente vivenciar os processos de busca da verdade, da beleza, da justiça, da harmonia, e quero viver esses valores elevados em fraternidade, como vimos no mito da caverna, então podemos concluir que existe um autogoverno. Somente aquele que vive esse autogoverno deveria poder governar politicamente uma sociedade, pois trabalharia para um Bem comum com vistas a desenvolver uma educação para todos, onde a Filosofia fosse o centro do ideal humano para que cada criança, jovem, adulto ou idoso pudesse exercer essa possibilidade igualmente.

Entretanto, quando por descontrole de sua natureza filosófica, os homens antigos passaram a rejeitar a filosofia e preservar seu caráter militar dando abrigo a ambição e poder, a possibilidade de um sociedade organizada por homens sábios, começou a desaparecer. Assim esses homens vão se tornando rudes, desvalorizando o conhecimento, tornando-se avarentos e amantes de riquezas e dinheiro, fazendo chacota do campo das virtudes e do conhecimento científico, louvando o poder das posses.

E assim, de uma geração para a outra observamos que a unidade política antes balizada por valores elevados de homens Sábios que sustentavam um autogoverno e um governo de bases Filosóficas, agora se organiza por castas, classes, onde as leis perdem força, bastando se declarar enganosamente aliado aos menos favorecidos, para que possa governar.

Dessa forma, a sociedade se organiza agora, pelos interesses individuais pautados pelos desejos, paixões, luxuria, egoísmos de toda ordem e esbanjamento. Nesse sentido, na direção de desejos insaciáveis de riqueza e poder, bem como desejo imoderado, irresponsável e irrefletido da liberdade, culmina numa sociedade que se aparelha militarmente, fomentando guerrilhas, eliminando cidadãos e dando espaço a marginalidades.

Outro ciclo histórico em que percebemos a decadência do ocidente como unidade politica foi com a queda do império romano, quando Constantino dizimou qualquer possibilidade das Ciências, das Artes e das Religiões constituírem suas instituições, desunindo e desarticulando milhões de pessoas em três continentes, resultando mais tarde num mundo medieval permeado por medo, pestes e retrocessos culturais, crueldade e mortes.

Esse desencadeamento ou desdobramentos acima expostos demonstra-nos a importância da História e de sua lógica permeada por ciclos. Ao historicizar acontecimentos, fatos, deslocamentos, ocupações territoriais, formas de organização no tempo, no espaço e nas relações de poder e comércio, a História oferece um sentido para reflexão da vida humana, da nossa existência. Ainda vale pensarmos que a História também se fundamenta numa evolução humana em relação a escrita, ao pensamento, a linguagem, as artes, as ciências e as tecnologias.

Destacamos também uma ordem de sentidos que dão sustentação a História como desenvolvimento geológico, cosmológico e religioso. Entretanto há culturas e organizações sociais em que não se dão tanto peso a importância da História, não como fim, mas como narrativas, em sociedades de tradições oralizadas.

Sendo assim, ao considerarmos o ser humano dotado de logos, permeado pela harmonia da natureza e pela matemática que a origina, também compreenderemos a História como uma organização lógica e complexa de ser composta e analisada em seus elos de interligação e aspectos de independência.

Muitas foram as culturas que não conheceram a História como Ciência, mas todos de alguma forma a viveram como Filosofia, levados por imprevistos e acúmulos de circunstâncias que conduziram esses povos a buscar um sentido e significado para os fatos, originando a Filosofia da História.

Temos, entretanto, nessa reflexão duas formas de ver processos históricos que são os fatos temporais e os fatos atemporais.

O que fundamenta os processos históricos temporais, por exemplo, são a observância de vários aspectos como: geográficos, raciais, filológicos, sexuais, políticos, religiosos ou intelectuais que se modificam de acordo com território, culturas ou tempo histórico.

Já os processos atemporais são marcas ou símbolos que nos trazem a eternidade. Uma boa ferramenta para verificarmos essa atemporalidade são os arquétipos. Os arquétipos são carregados de ideias e imagens (símbolos) fixos que nos transmitem uma mensagem independente do lugar, da cultura ou do tempo histórico.

São esses arquétipos fixos que podem nos fazer refletir sobre os ciclos e ritmos históricos. Quando refletimos sobre o Mito da Caverna por exemplo, partimos de uma reflexão de uma jornada individual, que se desdobra para a sociedade, mas também podemos refletir sobre a Historia, assim todos os arquétipos do mito se inserem dentro da Historia da humanidade. Mas o caminho inverso também é possível. Se pensarmos nos ciclos históricos e em tantos arquétipos quer estejam localizados nos mitos ou não, podemos associar a algumas perguntas existenciais de nossa jornada individual. Por exemplo, as questões: quem eu sou? De onde vim? Para onde vou?

Responder a essas questões existenciais nos leva a considerar que ao usarmos a capacidade de manas, ou parte Inteligente, se constitui como uma chave para transformação individual, coletiva e histórica que é a Educação – tirar de nós aquilo que já temos dentro – e encontraremos um caminho para essas respostas, para recordar a nossa Sabedoria.

As imagens arquetípicas também são chaves importantíssimas que nos ajudam nesse caminho, mas primeiramente é preciso que a gente reafirme que o campo dos processos individuais (individuação), os processos sociais ou coletivos (Sociedade) e os processos históricos, podem e devem se utilizar desses arquétipos como pistas para descobertas do caminho evolutivo. Assim como pensar na Educação como chave, bem como na espiral evolutiva em ciclos e ritmos, também devemos relaciona-los, aos campos, individual, social e histórico.

Vejamos por exemplo, a imagem arquetípica da Floresta. Uma Floresta é um sistema vivo, composto de vários organismos vivos, que vivem e morrem isoladamente o tempo todo, em processo de transformação, de retração e de expansão, de vida e de morte, de florescimento e de livramento de constantes elementos. Nascem e morrem pequenos arbustos, flores e frutos que retroalimentam a terra. Nascem e morrem pequenos insetos e animais. Mas também sabemos, que uma Floresta vive as quatro estações, onde para cada uma delas, precisará, enquanto sistema, viver ciclos de calor, frio, ventos, tempestades, serenamentos, hibernações, florescimentos, queda de frutos e folhas, adormecimentos, despertares, amanheceres, entardeceres e anoiteceres. Todos esses ciclos e ritmos são importantes para a respiração da Floresta, para a manutenção da vida do seu sistema e caso haja qualquer interferência nesse sistema vivo, haverá um desorganização ou desequilíbrio.

Esse exemplo arquetípico posto para qualquer tempo histórico, lugar ou cultura, pode nos remeter a uma atemporalidade e ritmos que são naturais a vários sistemas vivos e a um aprendizado importante sobre nós mesmos, sobre nossa sociedade e sobre a Filosofia da História.

Como esses ciclos e ritmos acontecem dentro de nós? Em nossa sociedade? Na História de cada cultura ou na História da humanidade? E nesses ciclos e ritmos percebemos a importância ao respeito de Leis que se desobedecidas, podem alterar a vida no sistema.

Como considerar, respeitar e permitir a fluidez dos ciclos e seus ritmos nos diversos organismos vivos? No nosso corpo? Na nossa sociedade? Na nossa História? Ou seja, nosso Eu-Coletivo e nosso Eu-Individual? No nosso Planeta Terra? No nosso Cosmos?

Para finalizar, é preciso que consideremos que mexer dentro de nós, altera significativamente o fora de nós e é o único lugar que temos a potência da autoridade e governança. Portanto, o convite para jornada interior, para saída da caverna, pode trazer respostas de mudanças também para a sociedade, para a História, para a vida humana no Planeta Terra.

Aproveito essa reflexão para deixar aqui um vídeo que me encheu de reflexões profundas sobre a Vida e nosso Planeta Terra nessa era da pandemia de coronavírus. 

E por fim te convido a conhecer Nova Acrópole caso você queira ser um Acropolitano ou uma Acropolitana como eu: acropole.org.br

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E aqui venho humildemente de pedir pra colaborar com a difusão do Premio IBEST para nossa querida Escola de Filosofia, onde você pode votar nas categorias: desenvolvimento pessoal  e Cultura e Curiosidades. 

Premio IBEST – Segunda Fase
Nosso Podcast passou para a segunda fase do Prêmio iBest 🏆 ! Obrigada pelo seu apoio e votação na primeira fase 💪🏻.
Para passarmos a fase final, precisamos do seu voto em duas categorias, segue abaixo👇

✨Desenvolvimento Pessoal   https://ibest.vote/393154118

✨Cultura e Curiosidades   https://ibest.vote/491276113 

 

Agradeço como sempre sua visita nesse Jardim que não é de Epicuro, mas inspirado nele, traz o arquétipo transformador da Mariposa, que estamos precisando e muito. Deixa aqui embaixo o seu comentário e compartilhe nas suas redes sociais.

Teatro-Documentário , Contos Épico Narrativos e Story Telling- por Naíme A Silva

 
A semana passada foi mais uma semana impactante pra mim no mundo das artes. Fiz uma oficina fantástica de Teatro-Documentário com o Prof Dr.  Marcelo Soler.
 
Aprendi que nós atores e atrizes, temos uma influência profunda com o teatro ficção numa concepção modernista e que o Teatro-Documentário traz a potência  do pacto documental. Essa outra maneira de pensar as artes da cena constitui-se como uma nova forma de fazer  teatro contemporâneo. 

Um jeito novo de se viver o teatro, a realidade social, as poéticas, as expressões criativas! 

Nessa oficina pude fazer dois rascunhos cênicos documentais: 

Nesse primeiro rascunho, eu tinha que me apresentar de maneira documental. Trouxe como documento, elementos cênicos que sim, falavam de mim, mas eu ainda não tinha compreendido a força e potência do pacto documental e acabei trazendo uma apresentação de mim mesma de forma muito ficcional. Ficou assim:

 

Na segunda apresentação, a proposta foi trazer  uma cena da pandemia.

Aqui  me debrucei sobre um tema dentro da pandemia, mas me preocupando em não estabelecer o mais do mesmo ou uma forma clichê. Assim, precisei fazer uma pesquisa sobre o tema, uma pesquisa documental, a busca dos elementos cênicos como documentos, a formulação de um texto/ relato, a gravação desse texto/relato em um áudio, a escolha de uma música que também pode ser considerado um documento.

Outra situação interessante foi que eu pedi avaliação de duas pessoas antes de submeter o rascunho na oficina e meu objetivo era avaliar o pacto documental no olhar do interlocutor do rascunho cênico documental. As impressões que tive me levaram a refletir sobre a força do documento explícito e sua veracidade, bem como de documentos implícitos ou que evocassem a imagem de documentos factuais.

O tema que escolhi eu já havia feito dele um conto de fadas, um poema e Story Telling.

O assunto desse tema foi o estupro da menina de 10 anos por seu tio e sua saga por hospitais de vários Estados Brasileiros para a realização de um aborto, e mesmo depois da justiça determinar a autorização do procedimento, eu quis trazer a reflexão de todas as humilhações e violências institucionais vividas pela menina. 

Nessa pesquisa eu trouxe muitos documentos explícitos como matérias jornais da época e implícitos como bonecas, mochilas, massinha de modelar, alça de sutiã que serviu de amarras aos olhos e boca da boneca. Importante lembrar que tanto no primeiro rascunho, quanto no segundo, eu tinha menos de um minuto pra cumprir o desafio e mesmo assim extrapolei o tempo. Abaixo o Vídeo/Teatro-Documentário Pandemia_2020 e os documentos/elementos cênicos escolhidos:
 

 
 
Meu poema foi citado num dos episódios do Podcast Chutando a escada, no link abaixo, bem como publicado aqui no Jardim da Mariposa conforme links abaixo:
 
 
 
O Jardim da Mariposa :

Perdoa, Criança Divina!

Quinze dias antes eu tinha realizado um curso de Story Telling com o Prof Dr Ivan Mizanzuk, onde aprendi técnicas muito parecidas com o teatro-documentário, mas num contexto Literário e com metodologias de autores estadunidenses bem específicas de contar histórias.
 
E assim, pude reescrever um conto que havia escrito de forma épico-narrativo, agora na metodologia do Story Telling, que compartilho aqui com vocês:
 
Quero contar pra você que esse trabalho com o conto de fadas, foi provocado pelo meu diretor de Arte, prof Adanias de Souza, do nosso grupo de teatro Acorda Alice, que já tem mais de 35 anos. Esse trabalho está se constituindo num projeto tão grande e incrível que me fez estabelecer parcerias com artistas maravilhosos no campo da música, que na altura certa, eu venho divulgar aqui pra você, flor do meu Jardim.
 
Aguardo gentilmente seus comentários sobre meu trabalho que vai se descortinando aos longo de tantas décadas, sobre as Artes da Cena, as artes dos contos épico-narrativos, as artes das histórias, das poéticas, da composição musical, da Filosofia, da Arteterapia de Base Junguiana, da Literatura e da Educação de crianças pequenas e supervisão e formação profissional de professoras/res.

Agradeço aos mestres incríveis Marcelo Soler, Ivan Mizanzuk e Adanias de Souza pela profundidade desses conhecimentos e vivências práticas da Arte da Cena e do Campo da Literatura. 

Uma busca eterna pelo crescimento espiritual e pela Sabedoria

Há algum tempo, eu venho querendo escrever sobre minha jornada rumo a Filosofia, mas as coisas sempre acontecem quando têm de acontecer e esse dia chegou. Então venho aqui contar pra vocês desde quando e como vejo essa minha trilha em busca de uma evolução espiritual pela Filosofia.

Quando eu ainda era bem pequenina eu me encontrava em pensamentos sobre quem eu era, porque estava viva, porque havia nascido onde nasci, filha de quem eu era e o que de fato representava a vida que me habitava.

Cheguei a pensar que todas as pessoas do mundo eram seres minúsculos que habitavam um Grande SER e dentro do corpo Dele fazíamos tantas cidades, tantos países, tantos Universos. 

Contemplava por horas os formigueiros de nosso quintal e pensava que de fato aquelas formigas, viviam sua vida sem sequer darem-se conta de que haviam tanto além delas, e que por mais que eu aproximasse meu rosto bem pertinho do formigueiro, elas não me enxergariam, não teriam medo de mim, nem sabiam que corriam risco de eu pisar sobre elas e assim matá-las. E num lampejo reflexivo, eu pensava que conosco, seres humanos, também podia acontecer da mesma forma, igualzinho aquele universo das formigas. Podiam haver gigantes a nos observar? Podíamos estar vivendo nossas vidinhas ao acaso sem nos darmos conta da grandeza da vida? Sem ao menos sequer que a qualquer momento podíamos ser pisoteados, caso quem nos contemplasse não tivesse compaixão ou amor a qualquer ser vivente?

E assim eu cresci, entre formigueiros, árvores frutíferas e pensamentos cheio de filosofia, sem eu também nem saber o que era Filosofia.

Já adulta, quando eu era diretora de creche, minhas igualmente amigas diretoras, me apresentaram verdadeiramente a Filosofia pela sabedoria de Epicuro e ali passávamos muitos momentos a filosofar. Chegamos a construir encontros regados a vinho, frutas e queijos pela alegria degustar o conhecimento na amizade verdadeira. Nosso Jardim Epicurista. 

Mas foi há dois anos que resolvi que precisava ir para uma escola de filosofia. Essa busca , esse anseio em minha alma, precisava de encontros, precisava de uma guiança espiritual profunda, precisava de Mestres. Eu desejava ser discípula. 

Foi assim que me matriculei na Organização Internacional de Filosofia Nova Acrópole, uma escola com valores práticos muito bem definidos que fez e faz meu coração saltar de alegria e gratidão todos os dias. 

Resolvi hoje vir aqui contar pra vocês porque gostaria de pedir uma graça de vocês, meus leitores e leitoras amados/as. Nossa amada escola está concorrendo a um prêmio IBEST 2021 em três categorias:

a) Desenvolvimento pessoal;

b) Podcast;

c) Cultura e  curiosidades.

Aí pensei, porque não vir aqui divulgar a Filosofia a Maneira Clássica de Nova Acrópole de uma forma mais qualificada aos meus leitores, ao invés de só pedir pelas redes sociais?

E o jeito que eu encontrei que penso ter mais qualidade pra fazer isso,  é contar pra vocês sobre como estão hoje minhas reflexões, sobre a minha prática como discípula , sobre meu amor a busca pela Sabedoria. 

Vou então deixar aqui pra vocês duas postagens minhas de dois artigos diferentes. Um sobre a cátedra de Ética e outro sobre Sociopolítica e Filosofia da História, mas vou separar em duas postagens para facilitar o sabor da leitura. No final de cada postagem eu deixarei pra vocês o link da escola pra você conhecer e do prêmio pra você votar.

ÉTICA

Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele. Platão

 

A Filosofia é o amor à sabedoria realizada numa eterna busca.

Uma busca sem apego, uma busca imparcial, no desapego de achar que se sabe tudo. Essa busca é realizada no caminho de um buscador que vai perseguir uma trilha para respostas acerca de nossas inquietações sobre a vida e a morte.

Uma busca que provoca um eterno movimento de ideias, que tira camadas, até verificar a verdade nua. Para ir nesse caminho com profundidade, o buscador necessitará de tempo e atenção para ver a sabedoria nas pequenas e grandes coisas que a natureza e a vida nos colocam a disposição.

E na simplicidade e mistérios da vida, o buscador constrói sua jornada rumo a sabedoria. Importante também que o buscador observe os ciclos da vida, para que essa busca, essa jornada, se traduza numa experiência vivida em seu tempo histórico. E essa busca objetiva o encontro da unidade nas questões atemporais da existência, um encontro por uma postura Ética.

As antigas civilizações e culturas reconheciam o ser humano numa integração de  sete(7) componentes, chamado constituição septenária.

Essa forma de ver o ser humano revela-nos uma concepção humana vista como um modelo, um mapa, reveladora de chaves para compreender uma unidade.

Essa constituição seria como sete(7) corpos integrados numa unidade que animam a vida humana.

Esses corpos são delineados em: Quaternário, composto pela parte física, energética, emocional e mental, a antahkarana que seria uma ponte, um elo de ligação e a tríade, a parte espiritual.

Como num desenho geométrico um quadrado abaixo que define a parte quaternária, um pequeno “pescoço” em retângulo em pé, que será a ligação, a ponte, chamada de antahkarana e por fim um triangulo que representa a tríade.

 

 

Quaternário

  • Corpo Etéreo- físico (Stula Sharira): visível aos olhos com tamanho, forma, peso, o que veste os outros corpos, uma parte física que nos permite o plano das sensações.
  • Corpo energético (Prana Sharira): Formada pela força vital que nos anima como temperatura, ritmo cardíaco, pulsação, sinais e funcionamento dos órgãos vitais que são elementos coesos e integrados numa ordenação vital. Quando ocorre a morte desse corpo, todos os elementos antes integrados em átomos, moléculas e tecidos, perece.
  • Corpo emocional (Linga Sharira): Composto por um estado de animo que congrega emoções, cuja interações influenciam na vitalidade e no corpo etero-físico, dando a tônica de nossas ações.
  • Corpo mental dos desejos ou mente concreta (Kama Manas): É interpretada como mente egoísta, especulativa, que trabalha para o Deus inferior, para as questões egóicas e intermináveis do mundo dos desejos. Lugar da ganancia, orgulho, medo, da sede de poder. Preocupa-se apenas com a satisfação dos sentidos, das emoções e dos sentimentos.
  • Corpo da Mente pura (Manas): Faz o contraste da mente concreta. Onde faz morada os valores elevados, o altruísmo, a prestação de serviço a beleza, a bondade, a justiça, a verdade, harmonia.
  • Corpo intuitivo ( Budhi): captura a verdade de forma direta e espontânea, onde a expressão de vida é completa.
  • Corpo da vontade pura ou espirito (Atma): O Divino em nós, a Vontade Superior, nossa Essência, o que há de mais Puro e Grandioso em nós, nosso Eu Maior, Eterno, que continuará sendo Sempre.

Também vale a pena mais dois destaques em relação a esses sete (7) componentes na constituição septenária:

  • Antahkarana ou a ponte, o elo de ligação entre a parte quaternária do corpo/personalidade humana e a tríade Superior conhecida como Ego.

Nesse elo de ligação reside a jornada que devemos fazer para subir o degrau de um corpo inferior a outro superior, do nosso mundo instintivo ao nosso mundo espiritual. É um espiral, onde devemos fazer uma saga interior para escalada, é nesse “lugar” que está o desafio da Jornada, é onde imperamos a matéria sobre o espírito, assim a conquista do Espirito exige de nós um sacro-oficio.

  • A constituição septenária também pode ser análoga aos reinos da Natureza, onde o físico estaria para o Reino Mineral, a vitalidade para o Reino Vegetal, as emoções para o Reino Animal irracional, a mente concreta para os animais racionais, o Seres Humanos e a tríade para nosso sistema solar, mente pura, nossa galáxia (Via Láctea) o intuitivo e o Cosmos ou Universo como a Vontade Divina ou Espirito.

Para compreendermos o Dharma e Karma como Leis da Natureza, façamos uma breve divisão didática.

Karma é a correlação de causas e efeitos em relação ao Dharma. Ele apresenta ciclos curtos em relação aos aspectos pessoais. Já o Dharma apresenta um caminho mais longo e exige uma ampliação da consciência e a responsabilidade sobre esse processo. O Dharma e o Karma apresentam-se tanto na esfera individual como coletiva.

O Karma nesse sentido se referencia no Dharma , como um rio que chega ao mar, com um sentido próprio, como uma ação justa em busca da LEI que seria o Dharma. Assim, nossa jornada reside em compreender a Lei do Dharma, para encontrar nossa direção para o Karma. Nesse caminho, geramos um Karma com dores e sofrimentos ou geramos luz, conforme vamos nos conhecendo e expandindo consciência? Como tirar a lágrima da dor, sem tira a dor de nossa alma, e que assim construa nossa humanidade?

Desse modo, o Dharma individual se expressa no sentido da vida, dando um sentido aos nossos ideais, para nossa vocação, para aquilo que viemos fazer, estar a serviço.

Na grande epopeia do Mahabharata, temos um extrato que narra uma guerra em família para a conquista da cidade de Hastinapura: o Bhagavad-Gita.

Nele, por exemplo, poderíamos dizer que o Dharma é a canção do Mundo, e a conquista de Hastinapura é a busca pela sabedoria e essa Lei do Mundo é a Ética, onde necessitamos viver em harmonia com a canção do Mestre.  A luta entre Pandavas e Kuravas, simboliza nossa guerra interior entre as forcas do deus inferior quaternário que tudo farão para que não cheguemos a conquista de Hastinapura, a nossa cidade de Sabedoria, a nossa tríade, a conquista dos valores elevados em nós.

Nesse cântico do Bhagavad-Gita, temos Arjuna, o Guerreiro, que também expressa a humanidade, pois dentro de cada um de nós reside um Arjuna convocado ao campo de batalha para a conquista da Sabedoria e da Ética. Temos também, Krishna, o Mestre ou a Suprema Divindade, outra parte em nós, a nossa voz interior que nos guia, nos fortalece e nos apoia a enfrentar e vencer batalha ou luta contra nossos Kuravas, ou nossos egoísmos, ganancia e poder. E nessa luta, quando ouvimos a canção do Mestre, permitirmos que nossos Pandavas, nossos valores elevados conquistem a sabedoria.

Uma passagem do Bhagavad-Gita que me chamou atenção foi a seguinte:

“Arjuna tenta justificar seu medo dizendo que se matasse, destruiria as tradições familiares e afundaria no inferno todos os seus parentes. “

Percebo que todos nós em alguma medida maior ou menor, temos medo de enfrentarmos a jornada para a qual recebemos o chamado e muitas vezes nem queremos ouvir o chamado. Não queremos ouvir a canção. Parece que ficamos identificados com uma parte de nós que já conhecemos e nela nos apegamos, não querendo matá-la. Essa parte onde reside a vaidade, o desprezo, o egoísmo a miséria interior. Talvez um medo de abrir mão de crenças e valores ilusórios e vagar num vazio desconexo e sem sentido. Mas essa é exatamente a ilusão de quem desconhece Hastinapura, a cidade que também reside em nós, a sabedoria. E como ouvir essa voz de Krishna em nós?

Ouvir a voz do Mestre, também pode ser expressa na voz do Silêncio, como também nos ensina a filosofa e tratadista do século XIX, Helena P. Blavatsky.

Antes, entretanto, vamos falar um pouco dessa intrigante mulher.

Helena Petrovna Blavtsky nasceu ao sul da Rússia, na cidade de Ekaterinoslav, de parto prematuro, na noite entre 30 e 31 de julho de 1831. Conta-se que alguns estranhos acontecimentos ocorreram no momento de seu nascimento, bem como em seu batismo como presságios de uma futura vida tumultuada. Conta-se também que sua história é a própria historia da Rússia, descendendo de ancestrais poderosos e altivos, o que leva Helena a ser uma filha tanto quanto desobediente as regras impostas, entretanto nunca perdendo de vista que suas ações não poderiam ultrapassar os limites da honra de sua familia.

Aos 11 anos, passa a ser criada pelos avos Fadéef, após a morte de sua mãe, uma ilustre escritora. Passou então a viver numa antiga mansão, onde seu avô era governador na cidade de Saratov, e onde moravam outros familiares e grande quantidade de criados.

Helena P. Blavatsky tinha uma extraordinária capacidade psíquica, revelando ter habilidades de se comunicar com mundos sutis e invisíveis que para toda gente não existiam. Ela também foi uma linguista habilidosa e uma admirável musicista. Pela influencia de sua avó, Helena P Blavatsky desenvolveu um senso científico, assim como recebeu de herança familiar faculdades para com literatura.

Ainda jovem, aos 17 anos, em 1848, teve que se casar com um general e governador da cidade de Erivan, bem mais velho que ela e conta-se que caindo em seu desagrado, após três meses do casamento, fugiu para casa de outros familiares que a enviaram a casa de seu pai. Entretanto, com receio de que a forçassem a retornar ao casamento, fugiu novamente, dando inicio a uma jornada de aventuras pelo mundo, ajudada financeiramente pelo pai. Precisou, ao que parece, manter-se afastada da Rússia, para que sua separação do marido fosse considerada legal.

Em 1851, agora chamada de Madame Blavatsky, encontrou aquele que seria seu mestre, seu irmão, seu protetor, seu maior adepto: Dr. H.S. Olcott, que conjuntamente com outros intelectuais em 1875, fundam a Sociedade Teosófica. Escreveu entre tantas obras, Isis em Véu e A Doutrina Secreta.

Morre em 8 de maio de 1891, na cidade de Londres, deixando um grande e importante legado ao mundo.

Interessante observarmos a trajetória dessa brilhante filosofa, porque pelo que pareceu viveu em muitos momentos uma vida de aventuras e loucuras, não sabemos até que ponto permeada pelos seus desejos ou instintos, mas algo dentro dela, desde quando estava non seio de sua familia parental, dizia-lhe para preservar sua honra e a dos seus. Quantas vozes internas Helena Blavatsky deve ter enfrentado? Quanto esforço deve ter empreendido? Levanto essas questões para humaniza-la e retirarmos também dos grandes filósofos uma idealização de perfeição e genialidade sem dor e luta interior.

Para continuar o diálogo sobre a constituição septenária, gostaria de trazer um trecho do livro A voz do silêncio:

Se através da sala da sabedoria queres alcançar o vale da Bem-aventurança, Discípulo, fecha teus sentidos à tremenda e grande heresia da separatividade que te aparta dos demais. (BLAVATSKY, HP, 2010, p.67)

Analiso o seguinte trecho comparando mais uma vez a constituição septenária em nível individual como também coletivo, pois para expandir a consciência dos valores elevados que nos fazem entender que estamos em unidade, se faz necessário desapegar de valores da mente concreta da separatividade, do egoísmo, do desejo, do individualismo, da propriedade que levam a um ilusório autoengano. E assim, como no plano da guerra interior de nossa alma, podemos compreender essa relação também na Sociedade e na História da Humanidade. E nesse caminho coletivo, nossa trilha individual no reconhecimento de que em nós há uma alma humana que pode ajudar a despertar outras almas humanas na busca pela sabedoria, também nos desperta para nossa unidade. Lembrei também da máxima citada pela Prof.a Fabíola: Tudo o que nos une não é ilusório, mas é verdade para tudo aquilo que nos separa.

Essa máxima me remete ao mito de Buda em relação as 4 verdades que achei bem curioso:

A Rainha Maia sonha com um elefante branco e fica grávida. Assim como Mãe Maria e menino Jesus, nasce Siddhartha Gautama. Entretanto, já nasce andando e ao faze-lo dá 4 passos sob os 4 pontos cardeais, donde nascem flores de lótus.

         Interessante observarmos a força do número quatro (4) no Mito de Buda, que por meio de sua saga, também nos traz o ensinamento das quatro (4) grandes verdades. Antes de destacar as quatro (4) verdades, gostaria de resumir o mito pra que possamos compreender essas  nobres verdades budistas.

         Siddhartha Gautama nasce numa corte de imensas riquezas, onde seu pai o Rei queria a todo custo protege-lo da dores e mazelas humanas. Entretanto, havia algo em Siddhartha que o impelia a busca de compreender a existência humana.

Pediu então ao pai para um passeio pelos arredores do reino pelo que seu pai ordenou que um cocheiro e sua carruagem os guiasse. No seu trajeto deparou-se com um doente, um velho e um morto e experienciou uma dor aguda que o levou a uma profunda reflexão: como é possível desfrutar de riquezas no interior de seu reino, quando fora dele há doença, envelhecimento e morte?

         Foi sob esses pensamentos, que deixou o palácio real de seu pai, para entregar-se a uma vida humilde, sem bens e em profunda meditação acerca das misérias humanas. Em sua caminhada, consultou grandes mestres e realizou terríveis sacrifícios corporais, não conseguindo encontrar as respostas que procurava. Somente encontrou seu corpo a definhar, pois já não comia, na tentativa de compreender as dores humanas. Estava quase a definhar quando foi socorrido por uma filha de um pastor que ofereceu-lhe alimento, retirando-o de um estado que quase o levou a morte física.  

         Nesse instante, Siddartha compreendeu que uma postura extremada não nos leva a compreensão humana, a expansão da consciência e a consequente libertação da alma. Compreendeu assim, que somente o Caminho do Meio conecta ao Caminho da Lei. Foi nesse momento que recebeu a iluminação, livrando-se dos laços do nascimento, velhice, doença e morte.

Comparo aqui com a passagem de Blavatsky, pois um dos laços que dificultam a libertação humana é a ilusão de separatividade conforme citado acima em HPB.

         Para o caminho da libertação humana e processo de iluminação, Buda nos ensina quatro (4) nobres verdades, conforme a seguir:

  1. Todo e qualquer ser Humano é impactado pela dor do nascimento a morte. A dor faz parte da trilha humana, pois se caracteriza como nossa essência.
  2. A segunda nobre verdade é sobre a causa da dor, que reside no fato de que tomamos a ilusão por uma realidade e nos esforçamos por possuir e manter objetos que estão destinados e extinguir-se. Nossa dor se dirige a um mundo fadado ao fim, onde nada se sustém, onde tudo se esvai e nossa angustia é uma existência num tempo que igualmente se esvai.
  3. Fala sobre a cessação da dor, pois ao direcionarmo-nos ao Eu Superior, a dor cessa. Isso se dá, porque quanto mais desejamos, quanto mais buscamos recompensas, mais Karma carregamos, obrigando-nos a repetir o caminho, até chegar o momento de nossa compreensão e dirigirmo-nos a reta ação, desapego e realinhamento com a LEI, o Dharma.
  4. Por fim a quarta nobre verdade nos coloca uma mandala, o nobre Óctuplo Caminho, constituído por:
  • Retas opiniões.
  • Retas intenções.
  • Retas palavras.
  • Reta conduta.
  • Reto meio de vida.
  • Reto esforço.
  • Reta atenção.
  • Reta concentração.

       

Essas quatro nobres verdades de Buda, me lembram um epigrafe de Aristóteles, que é um grande desafio diário a todos que buscam a sabedoria, que retirei do livro A Ética, textos selecionados e que diz:

A Virtude não é um afeto nem uma potência, mas um hábito. (ARISTOTELES, 2017, 3aED, p. 54)

         Se as quatro nobres verdades, ou mesmo o caminho da verdade, da unidade, compreendermos que nessa uma trilha encontraremos a felicidade, nos desperta a pergunta: mas como sabemos estar no caminho lógico da Verdade?

         A moral para Aristóteles deve ser a busca da felicidade. Mas essa busca tem objetivos? Tem finalidade? Tem um meio? É transitória ou permanente? Tem dor? Se conquista?  É um momento da vida ou é um estado de espírito? Conhecimento teórico pode trazer felicidade?

         A pergunta para o próprio Aristóteles era: qual a felicidade própria do ser humano ou da natureza humana? 

         Para o pensamento aristotélico, o Bem é o fim de todas as ações e o Bem Supremo é a felicidade.

Entretanto, a felicidade não tem significado igual a todas as pessoas. Alguns enxergam a felicidade no prazer das sensações, outros nas posses sobre as coisas, ou poder sobre as coisas e a natureza. Mas para Aristóteles, o caminho para a felicidade é aquilo que é próprio da alma e se faz necessário um exercício do Bem como virtude, para que a própria virtude cresça e o exercício para fazer crescer a virtude em nós se constrói num processo da consciência.

Esse caminho de consciência de crescimento da virtude em nós, se inicia identificando que sou. Quanto nos dedicamos a esse exercício todos os dias? Essa tarefa carece de uma intenção que dirija minha conduta. Assim, o objetivo desse esforço faz a união da teoria com a prática, defendida pela academia aristotélica, um treino das virtudes para o alcance da felicidade.

Continuando nosso diálogo sobre o caminho da Verdade, do Bem, do exercício das virtudes para o alcance da felicidade como princípio Ético, chegamos a Confúcio, que teve suas ideias intensamente inseridas em seu contexto histórico-social e que influenciou fortemente o pensamento chinês, quando trouxe a ideia de romper a separatividade entre Política e Ética.  Essa quebra de paradigma intencionava instaurar um regime ético-politico com fim de alcançar a fraternidade, concórdia e harmonia, desapegando-se de qualquer misticismo.

Assim, a Ética de Confúcio nos ensina a operar em dois movimentos: no Reino de Lu, que seria de uma ordem social racionalizada, levando a uma paz, harmonia e colaboração coletivas. Mas para que isso opere como ordem social, precisamos atingir o Reino de Ju, que se dá na mudança de cultura individual, pois para se conduzir a educação no âmbito da sociedade, carecemos construí-la sob as bases das qualidades humanas, nos ensinando que a ordem política é fruto de uma ordem ética. Essa ética constrói em nós os sentimentos de honra e respeito, cujo precisamos assumir uma postura diante de nossos erros e responsabilidades para compreender os outros. O que tenho a oferecer aos outros e ao mundo? Essa é a pergunta desse homem ético para Confúcio, o homem JU.

         Mas para Confúcio também desenvolver-se nessa Ética do Homem JU, assim como o pensamento aristotélico, requer uma educação continuada de si mesmo, uma mudança de cultura, um cultivar-se, um auto cultivo que exige constância, perseverança, permanência, manutenção, cuidado.  Assim, o Homem JU é uma conquista permanente, que exige trabalho e intensão, dedicação.

Mas no exercício para busca interior do Homem JU em nós, nos deparamos com que Plotino chamava de Vênus Urânia e Vênus Pandemus em nós.

         Antes vejamos quem foi Plotino. Um grande filosofo egípcio, que aos 28 anos começa a estudar filosofia tendo como mestre Amônio Saccas que reunia vários pensamentos da filosofia grega. Durante 11 anos então, Plotino frequentou a escola de Amônio.

         Após esses 11 anos quis aventurar-se a uma viagem a India, unindo-se a uma expedição rumo a Persa, donde pode escapar e regressar a Alexandria.

         Com 40 anos, viajou para Roma e abriu sua própria escola de Filosofia nos mesmos moldes de Amônio, por tradição oral e para poucos ouvintes.

Plotino vivia de forma humilde, como trabalhador carregador de sacas no porto.  Essa época vivia uma efervescência quanto ao conhecimento fazendo com que todos quisessem ter seus filhos educador por Plotino.

         Fiel seguidor do pensamento de Platão, seu ideal era fundar uma cidade de nome Platonópolis, regida pelas Leis de Platão.

         Um pensador apegado a verdade, que caracteriza como um pensamento hermético, metaforicamente, como aqueles que buscam descobrir algo em mergulho no mar bravio, na busca de uma pérola fechada numa concha no profundo das águas. Essa tarefa exige coragem do buscador e esse era Plotino, que inspirou o nascimento da Renascença.

         Todo seu pensamento parte da contemplação na união com Deus, que nos leva a um estado de êxtase, que sempre descrevia com intenso afeto e emoção. Plotino então, parte de uma tríade: Ser, inteligência e criação. Para ele, a realidade se constitui única e absoluta e se impacta no Cosmos e se expressa na emanação. Assim, o Ser é energia e se potencializa no UNO. Entretanto para o reconhecimento do UNO, precisa da potencia da inteligência que se concretiza na criação.

         Nesse pensamento de Plotino, ele também nos ensinava sobre a alma e dizia que o mal não é próprio da alma, mas uma parte decorrente da queda na pluralidade do mundo manifesto, dividindo nossa alma em dois movimentos ascendente e descendente.

         Nesse caminho quando dirigimos nossa energia para a espiritualidade, podemos “mais Ser”, mas, contudo, se dirigirmos nossa energia para regiões pluralizadas onde o ódio faz cisão, a alma desconhece a si e as demais almas.

E o que é alma? Alma é uma instancia atemporal. E como diria o pensador Carl G Jung, a alma humana deve fazer um caminho inverso de retorno a própria origem, um transito de retorno a unidade, ao centro do SER. Assim, temos em nós um Ser atemporal que se movimenta para a emanação, para sua própria essência.

Entretanto Plotino dizia que precisamos movimentar nossa alma em direção a essência de forma consciente por meio da meditação, reflexão dessa jornada interior.

E como se dá esse movimento consciente? Há um movimento natural da contemplação que são direcionados a unidade, universal, o todo, UNO. Essa seria a alma que supera um limite, mantendo a consciência elevada. Mas como conseguimos nos superar sem render-se aos impulsos de fora?

Plotino nos diz que a alma também carrega uma mochila de apegos, lembranças, memórias do passado, e não pode por esse peso que carrega, parar para o trabalho da contemplação, descendo assim ao mundo manifestado de nossas personas.

Para subir e contemplar e depois descer e organizar e ordenar nossas vidas nos retos pensamentos, conforme aquilo que a alma contemplou, é a nossa jornada para “Mais SER”. Ou seja, organizar sua vida no momento da contemplação, momento esse que se viu como UNO e a descida para organizar sua vida viver a alma em UNO.

Para Plotino, o que impulsiona a alma as coisas do mundo é o amor.

Assim a pergunta que cabe ara pensarmos a filosofia de Plotino é: Com tantas pessoas que amam uns aos outros, porque ainda nos perguntamos se existe de fato o amor?

Se buscarmos Vênus como referência na mitologia veremos que ela foi a Deusa Romana do amor e da beleza.

         Há algumas controvérsias quanto ao mito de Vênus, pois numa das versões, ela seria filha de Júpiter, deus dos céus, e Dione, deusa das ninfas. Noutra versão da lenda, Vênus nasceu da espuma do mar e dentro de uma concha.

         Como era muito invejada por sua beleza, algumas deusas estavam insatisfeitas com as reações que ela causava nos homens.

Foi assim que Diana, deusa da caça, Minerva, deusa da razão, e Vesta, deusa do lar, pediram ao pai de Vênus, Júpiter, que lhe fosse concedido um casamento.

Certo de que o problema seria resolvido, Júpiter ordenou que ela se casasse com Vulcano, o deus romano do fogo. No entanto, ele era feio e sofria de uma deficiência que o deixou coxo (manco).

Mesmo que a escolha não tenha agradado a deusa, Vênus casou-se com ele, entretanto, manteve relações extraconjugais com outros deuses e mortais.

Uma das mais conhecidas é o relacionamento que ela teve com Marte, o deus da guerra. Com ele, teve alguns filhos, do qual merece destaque Cupido, o deus do amor.

            Assim, uma análise que coloca um zoom sobre o Mito de vênus, compreendemos esse arquétipo que carregamos em nossa alma que traz compensações nas polaridades, pois apesar de Deusa da beleza e do amor, ela se casa com o Deus do Fogo que era feio. Ela o trai então com o Deus da Guerra. A deusa do amor e da beleza é atraída pela feiura e pela guerra. Além disso de seu amor com Deus da Guerra, nasce Cupido, o Deus do Amor.

         Posto isso, podemos agora analisar a Vênus Pandemus e a Vênus urânia em nós. Pandemus que representa “popularis”, é aquela busca do amor aos valores elevados em nós como a Justiça, a Verdade, Bondade e a Beleza, valores arquetípicos e imortais. Vênus Urânia contrariamente aprecia as coisas comuns e se apaixona pela própria personalidade. Há nessa coexistência de almas em nós uma tensão, pois coexistem o amor entre a carência e a abundância.  

         Na Vênus Urânia, a alma tem peso, o peso do coração, da carência do outro, dos apegos, dos desejos, das nossas ações, do Kharma.    

         Na Vênus Pandemus, a energia que impulsiona o amor em nós busca o processo de emanação, a força da natureza, trazendo-nos a unidade permanente, o UNO.

         Nosso exercício então é o de buscar em nós algo mais essencial do que aquilo que temos apego, na busca do “Mais Ser”, em direção a unidade.

         Por fim, depois desse sobrevoo em tantos pensamentos filosóficos, não poderíamos deixar de destacar a profundidade da Filosofia Egípcia.

         O Egito nos traz uma cultura voltada ao Sagrado e aos Mistérios, no período faraônico de 5 mil anos antes de Cristo. Constituído por Narmer, cujo conta-se ser o sucessor do faraó protodinástico Escorpião II (Selk) ou Cá, embora outros digam seja a mesma pessoa, foi unificador do Egito e fundador da Primeira Dinastia, assim, o primeiro Faraó do Egito unificado.

         Fruto de um processo de uma Filosofia temporal, o Egito vive ciclos de eras de ouro, como também de esquecimento e até de desaparecimento.

         Tudo no Egito é grande, o que já traz em sua grandeza, uma capa de mistério que nos deixa perplexos. Como foram construídas as pirâmides? Qual o pensamento egípcio? É tão grandioso quanto sua arquitetura misteriosa?

         Alguns escritos nos trazem pensamentos que pode nos dar uma ideia de como era a Moral e a Ética para os egípcios.  Eles acreditam que o Egito terrestre era um espelho do CEU- No céu as estrelas, na Terra o Egito-  buscavam uma inspiração além das estrelas, um reflexo na Terra que era o Egito.

Para eles o melhor lugar para viver e morrer era o Egito. A vida dos egípcios era como uma navegação, como uma barca, onde poderiam navegar nas aguas do Nilo terrestre, mas também no Nilo Celeste. Eram mundos conectados de uma religião complexa nos detalhes e simples em sua essência.

O ponto de ligação entre o Céu e a Terra era conectado pela imagem do Obelisco, esse símbolo de conexão que também representava o próprio ser humano – pés na Terra e a cabeça ligada aos Céu.

Para os egípcios a divindade principal era a Justiça, representada no símbolo de Maat, mãe, filha e esposa de Rá, ao mesmo tempo. Ela é irmã do Faraó mítico (Osíris ou Hórus) que assegura o equilíbrio cósmico e graças a ela o mundo funciona perfeitamente.

Para eles o conceito de Justiça (Maat) é uma maneira correta de retribuir a vida que habita a alma humana na Terra e viver é o mais importante. E no fim da vida, na morte de cada um, a pergunta realizada era: Fui puro nas ações e pensamentos? Eu fui justo? Essa era o momento do Juízo. Então, o coração de cada humano na morte era pesado numa balança junto com uma pluma, representada pela justiça. Se o coração humano fosse tão leve quanto o peso de uma pluma, tinha o significado da paz interior, da coerência com a Justiça, podendo assim entrar no reino dos Céus. Caso contrario, seria “engolido” pelo Kharma para renascer e repetir um ciclo para prender a ter o coração tão leve quanto do homem justo. Essas Leis da Natureza, representadas pela divindade Thot (Deus da escrita e sabedoria), traziam em vida, uma luta interior, para serem integradas em amor. Esse amor que permitia não apenas que as coisas se unam, mas sobretudo, que se mantenham unidas, provocando o desafio de viver em constante amor.

Para os egípcios as festas eram muito importantes, pois compreendiam que para cada ritmo do ano, ou cada ciclo cada momento tinha que ser festejada. Por isso, festejavam as estações do ano nos solstícios, equinócios, nas altas e baixas do Nilo, as colheitas das plantações quando toda comunidade estava integrada a Natureza e onde todos participavam. Também se festejavam os reinados de Justiça dos Faraós, quando construíam um Jubileu, um templo. Essas festas serviam ainda para integrar as formas de viver a politica com a eternidade do tempo.

         O Faraó tinha que apresentar ao povo um projeto que se relacionasse com a própria evolução do povo, bem como carregado de concepção de Justiça e do Sagrado e nesse sentido nos reforça o sentido que o pensamento egípcio estava assentado numa ideia de atemporalidade.

         As pirâmides foram um símbolo forte dessa ideia, ou seja, um legado, deixado para a eternidade, feitas para perdurarem milhões e milhões de anos.         

         Os egípcios não a chamavam por pirâmides. Quem as batizaram assim foram os gregos. Pir,  significa fogo, porque viam nelas o formato de uma fogueira que buscava a verticalidade dos Céus. Nos intriga saber que os trabalhadores egípcios construíram as pirâmides não por degraus como poderíamos supor, mas de cima para baixo, cujo centro era sustentado por um obelisco, sustentado pelo seu centro, como se simbolicamente nos dissesse que a moral humana pode ser o sustentáculo da Ética humana, seu centro, sua fortaleza.

         Assim, tudo o que acontecia de bom ou de ruim, era atribuído ao Estado na figura do Faraó, que para eles era o Obelisco, a fortaleza, seu centro, sua sustentação. Portanto, havendo uma falha nesse sistema de Governo, nesse Estado, era a falha do sistema piramidal, causando a tristeza e infelicidade de todo o povo egípcio.

         Entretanto, não havia um juiz que a todos julgava. Cada egípcio era seu próprio juiz, tendo cada um seu senso moral e de justiça para se auto administrar, como um advogado de sí mesmo.

         A forma de organização do pensamento egípcio reunia numa só ideia, a politica, a religião e a ciência. Para se construir uma pirâmide era preciso muita ciencia, que gerou um pensamento integrado em busca da perfeição, com cálculos matemáticos e proporção áurea esculpidos no rosto da escultura de Ramsés.

         Essa convergência da Politica, Religião, Ciencia e Arte nos traz uma integralidade na busca da perfeição e atemporalidade.

         Assim o Egito nos mostra ainda nos dias de hoje muito mais que seu conceito de moral, mas nos revela por meio de seus mistérios uma inspiração para as Filosofias no mundo no presente e no Futuro.

Quarentena , São Paulo, 26 de julho de 2020.

 

Esse artigo, faz parte de minhas reflexões da cátedra de Ética em Nova Acrópole, uma escola de Filosofia a Maneira Clássica. Se seu coração palpita pela Filosofia como o meu, te convido a tornar-se um acropolitano como nós, na eterna jornada rumo a Sabedoria, por vezes dolorosa, por vezes numinosa, mas certamente, eterna. Gostaria de agradecer meus mestres e mestras acropolitanos e pedir que você vote em Nova Acropole no premio IBEST 2021.

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Agradeço sua visita nesse Jardim, que não é o Jardim de Epicuro, mas que recebe o perfume de sua amizade, igualmente como nos encontros epicuristas. Vou gostar muito de ler aqui seus comentários. E indico que leia o próximo post que falarei de Sociopolítica Filosofia da História.

Conselhos para atitudes do dia-a-dia que contribuem para conservação do meio ambiente- Por Abá Yawara Silva & Pimenta

 

A minha escola me fez uma provocação pedagógica por um roteiro de pesquisa com o tema Trabalho e Direitos, para desenvolver uma campanha para a internet sobre as melhores atitudes e hábitos que devemos manter no nosso comportamento de todos os dias diante do meio ambiente. Por isso, pedi a minha mãe, que colocasse aqui no blog dela o meu texto. Meu nome é Aba Yawara, tenho 10 anos  e estudo numa escola pública muito bacana que me faz pensar e persistir em ser uma pessoa melhor. Então vamos lá verificar o que andei pensando sobre esse tema.

 

Dessa forma, quero enumerar pra vocês, quais as atitudes que penso que devemos conquistar pra manter a conservação do nosso ambiente e torná-lo mais saudável pra todo mundo:

  1. Redução do consumo de água

Isso porque agora que os rios estão se entalando de lixo, a água doce e potável é extremamente valiosa. Esse riqueza não deve ser desperdiçada.

  • Recomendo banhos de 5 a 20 minutos e também
  • recomendo uma bacia pronta de água para lavar a louça.
  1. Redução do consumo de carne e de produtos de origem animal

A produção e consumo de produtos de origem animal pode quebrar uma cadeia simbiótica de cadeia alimentar da qual podemos depender. Também destaco a criação e abate dos animais para nosso alimento, além da crueldade imposta a esses, ainda existe um gasto exagerado de água doce potável. Então, aqui vai o meu conselho:

  • pare de comprar bolsas de couro de jacaré, tapetes de urso ou cachecóis de arminho.
  • Também reduza a quantidade imensa de carne vermelha que come. Isso mesmo! Eu estou falando com vocês, brasileiros!
  1. Redução do consumo de energia elétrica e criação de novos tipos de energia 

A energia consumida pode até ser produzida de maneira limpa, entretanto, ainda assim, ela vai causar algum tipo de dano ao meio ambiente. Por exemplo, a energia hidráulica, que pode ser limpa, mas pode mudar o curso de um rio, afetando a flora e fauna daquele local. A energia eólica, por exemplo, pode matar ou machucar pássaros em curso migratório.

Entretanto, tenho uma boa notícia que nos traz esperança: a energia solar não causa nenhum prejuízo ou dano relevante ao meio ambiente.

A questão que trago é que precisamos economizar qualquer tipo de energia, independente da sua fonte. Para tanto aconselho:

  • não deixar a luz acesa durante o dia, a não ser que o dia esteja nublado e seu ambiente esteja escuro para ler ou fazer algo que possa prejudicar sua boa visão.
  • Não deixar luzes ligadas em cômodos que não há ninguém.
  • Não deixe um aparelho carregado suficiente ligado na bateria.
  • Não deixe aparelhos que você não esteja usando, ligados.
  • Ao assistir TV a noite, apague as luzes da casa, assim você economiza e ainda dá um efeito de cinema em casa.
  1. Redução do uso de plásticos, isopor e papéis

Plásticos e Isopor são materiais muito danosos à natureza, por conta de seu tempo longo de biodegradação. Além desse enorme prejuízo a natureza, ainda existe o risco de um animal de alimentar deles, morrer ou se sufocar, como é o caso de pinguins e tartarugas no mar, conforme pesquisei na matéria que saiu no G1.

https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/09/20/pinguins-encontrados-mortos-no-litoral-de-sp-ingeriram-isopor-plastico-cordas-e-itens-de-pesca.ghtml

Mas o papel também tem seus momentos, que embora tenha uma biodegradação mais rápida, promove os mesmos riscos aos animais. Um coisa importante no consumo de papel é que ele é feito de madeira, o que quer dizer que se derruba árvores para fazê-lo, que se desmata a floresta. As mesmas árvores que produzem nossos oxigênio que dependemos para respirar. Então para evitar esses riscos, minhas dicas são as seguintes:

  • Não use sacolas plásticas, use sacolas de pano ou reutilizáveis;
  • Não misture lixo reciclável com lixo orgânico;
  • Peça para seu condomínio, comunidade ou bairro contratar uma empresa de reciclagem que oriente a todos como tratar o lixo e recolha os mesmos;
  • Devemos parar de usar tanto papel e quando o lado de uma folha estiver cheio, use a outra. Peça para sua escola ter um laboratório de reciclagem de papel;
  • Tente alternativas criativas de reutilização de isopor ou plástico.

Conclusão

Para concluir, penso que mesmo que não consigamos seguir todos os conselhos citados aqui, estas ações deveriam ser transformadas em politicas públicas sanitárias e de proteção a natureza, afinal a responsabilidade é de todos nós.

Por fim deixo pra vocês pensarem na nossa mamãe natureza um filme que vimos na minha escola, no projeto CHAS:

Na dança do mundo, as lambadas que a Vida dá!

Tenho feito uma coletânea de sonhos num diário que ganhei no Natal de 2020.

 Esse material onírico tem rendido profundas sessões analíticas, muitos desenhos, mandalas, meditações, intuições e novas percepções acerca de mim mesma e do mundo que me cerca.

Esse processo começou com uma pesquisa antroposófica das 12 noites Santas após o Natal e o estudo astrológico correlacionado a um planejamento simbólico dos sonhos desse período.

Trabalho profundo que mês a mês, uma comunidade de mulheres vem se aventurando a compartilhar intuições, a realizar meditações, analisar sonhos, para se autoconhecerem e também para intencionarem por um mundo melhor.

Todo sonho, segundo a narrativa junguiana, tem uma parte que pertence a sua trajetória pessoal- como ser humano vivendo uma experiência espiritual ( sua alma) na matéria que é seu corpo, – e ao mesmo tempo,  carregado de imagens arquetípicas representadas pelo inconsciente coletivo.

Então todo sonho,  você pode analisar aquilo que só pertence a você, com sua história, sua trajetória pessoal, mas também há representações que pertencem ao coletivo, ao mundo todo de forma atemporal.

O sonho que eu tive representando a força de Aquarius me remeteu a boas aprendizagens sobre mim mesma, e ao mesmo tempo fui como que arremessada a uma ideia coletiva inspirada por um poema nesse momento duro, cruel, perverso, que temos vivido politicamente nos últimos tempos.

E ao me deparar com o espírito do tempo, Zeitgeist me trouxe a  inspiração desse poema que deixo aqui pra você que é meu leitor. Aproveita, comenta aqui embaixo e compartilha com seus amigos e suas amigas. Quem sabe as pessoas vão parar pra prestar atenção nas mensagens dos seus sonhos! Eu garanto pra vocês que lá onde todos somos UM, há muitas chaves para um caminho de Sabedoria!

 

Na Dança do Mundo…

Quem tá parado não morre
Olha só que contradição?
Contradição é contra a adição 
É não colocar mais nada não 
É um:  menos é mais nesse corre!

Só que Árvore não corre
Árvore enraiza
Fica quieta no lugar
Amortecida 
Aliás, amortecida
Parece amor que morre

Aquele amor que não quer dançar 
Aquele amor que fica bebaço 
E morre na gente a vontade de lutar

Mas de repente a gente fica
Revoltada
E sobe as escadas da vida
Pra reagir a tirania
Que fez caçoada, zombada
Com cara de doido, Coringa
Derrubando em cima da gente
Todo veneno que vertia

Liberdade é o que se quer!
Eu respeito o momento
Momento pra muito silêncio
Mas não respeito o descaramento
Do tirano que provoca esse tormento
E faz toda gente se expor sem sorte,
Ao purgatório da morte.

Trova de amor Lusitana

 

Eu beijei teus lábios doces e quentes
De cor canela e sabor morango
Senti no estômago um compasso diferente de fandango!

Ilustração de Mário Costa, publicitário responsável por diversas campanhas do Estado Novo a partir da década de 1930. Esta imagem é uma das 12 danças folclóricas tradicionais portuguesas que recriou.

acima lenços  de poemas de amor portugueses 

Poema da transformação

Poema da transformação

Viajei no tempo
No tempo interior
Purifiquei-me com o vento
E na brisa do mar
Deixei as mágoas levar
Essas águas más
Deitei nos braços de Yemanjá

Saltei novamente no vento
Me vi sorrir num tempo
Sentimentos e emoção transformada
E com a alma purificada
Te guardo com carinho em meu coração.